Novos líderes para
novos tempos
Exige-se, hoje, dos líderes de qualquer
espécie, além dos atributos tradicionais, como competência, coragem,
maleabilidade e capacidade de diálogo e, principalmente, de decisão, outros que
são característicos dos novos tempos. Como, por exemplo, alto grau de
informação, nos mais variados campos do conhecimento humano. E, sobretudo,
muita criatividade. Ou seja, uma capacidade aguçada de encontrar novas soluções
a partir de velhos pressupostos. Para tanto, faz-se indispensável a existência
de um conjunto de circunstâncias simultâneas.
Exige pessoas que tenham coragem de se
livrar de tabus, de ignorar preconceitos, de contestar dogmas e que, sobretudo,
contem com uma capacidade ímpar de convencimento. O momento presente é de
transição. As ideologias que prevaleceram durante praticamente todo o século XX
provaram ser inadequadas para garantir equilíbrio econômico, com justiça
social, para os povos.
O século passado foi, sem dúvida
alguma, o mais violento da história. Nesse período, a humanidade passou por
duas sangrentas e catastróficas guerras mundiais (na segunda surgiu a bomba
atômica), por uma infinidade de revoluções (a portuguesa de 1910; a mexicana,
de 1911; a Bolchevique, de 1917; a iraniana, de 1978, apenas para citar algumas
das principais), além de conflitos nacionais e regionais, longos, mortíferos,
desastrosos, com milhões de vidas humanas desperdiçadas por nada.
O modelo de estadista que prevaleceu ao
longo de todo o século XX mostrou, sobejamente, não ser adequado. A humanidade
regrediu, em termos de relacionamento social, na proporção inversa dos avanços
da ciência e da tecnologia e da riqueza mundial. Faltou (e falta, o que é pior)
uma liderança adequada. Hoje, dois terços dos habitantes do Planeta vegetam e
batalham, virtualmente sem perspectivas ou esperanças, para sustentar o um
terço que tudo tem e tudo pode, sem que haja a mínima razão lógica para isso.
Será que há pessoas que acreditam de verdade que ninguém vai tentar alterar
esse perverso quadro com o pior possível de todos os expedientes: o da
violência? Parece que sim! E essa atitude (até uma criança inocente sabe, se é
que ainda exista), é o cúmulo da alienação.
Os líderes da nova geração precisam ter
em mente o potencial de violência e de destruição existente nessa situação de
desigualdade e de exploração do homem pelo homem. E, mais do que isso, têm a
obrigação de encontrar soluções criativas para este problema, até aqui
ignorado, quando não tratado meramente como simples tema acadêmico, sem o
devido realismo.
Sepultada a Guerra Fria, que por quase
50 anos manteve a humanidade à beira da hecatombe nuclear, se torna urgente,
urgentíssimo, imediato, premente neutralizar o risco muito maior do que o
confronto temido, mas nunca concretizado, das antigas superpotências: o da
"bomba da miséria"! Falar, hoje, em sociedades não-excludentes, em
que imperem a racionalidade e a justiça social, soa como delirante utopia. E,
no entanto, é o único caminho lógico para evitar conflitos de conseqüências
imprevisíveis.
Boa
leitura!
O
Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Não é adequado creditar aos doentes culpa pela sua enfermidade. É desumano.
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