Pré-carnaval no Elos Clube
* Por
Mara Narciso
São 20 h e 30 m. É tão
simples chegar, ser bem-recebido, conduzido a uma mesa na qual os foliões foram
separados por afinidade, envolver-se pela meia luz, do jeito que deve ser um
grito pré-carnavalesco, observar a decoração singela, mas eficaz, com toalha
até o chão, confete, serpentina, máscaras, óculos, apitos, som mecânico e
esperar pela música ao vivo para daqui a pouco. Amigos e conhecidos vão
chegando, para um encontro simples e agradável, desde que a equipe tenha
trabalhado bem. E trabalhou.
Já há algum tempo sem
programação carnavalesca, o Elos Clube de Montes Claros se vê vivenciando um
pré-carnaval, além da expectativa. A presidente Ana Valda Vasconcelos
recepciona com sua amabilidade e educação tradicionais, acolhendo com simpatia.
O ruim foi quase não aparecer nas fotos, devido ao seu envolvimento com a ação.
A divulgação boca a
boca, a adesão e o pagamento do ingresso de preço justo simplificaram tudo,
finalizando com uma lista de nomes na portaria. Isso deu mobilidade e liberdade
aos convidados. Com casa cheia, festa ao ar livre num pátio com plantas no entorno,
ao fundo uma cobertura com piso deslizante, propício para a desinibição e a
dança, na parede dos fundos três painéis brancos com grandes bolas coloridas
dão o tom da folia. À direita, os instrumentos musicais da bateria aguardam,
para logo mais levantar os foliões, reunidos por amizade em número de quase
cem.
No centro uma mesa com
bebidas e ao lado, a outra com prato quente. Assim, cerveja, refrigerante e
água foram servidos por garçom e o escondidinho de carne-de-sol e dois tipos de
caldos foram auto-servidos na noite fresca.
As fantasias são para
brincar de faz de conta e divertir, naquele ambiente familiar, onde quase todos
se conhecem. O clima acolhedor, não tem censura, e quem quer, embala-se ao som
do Carnaval. Os celulares filmando não intimidam, então, quem dança, continua,
sem se importar com as lentes. No local estão grupos em confraternização,
amigos celebrando aniversários simultâneos, cordões atravessando a área, gente
vivendo a festa.
O evento saiu da mente
criativa da elista Beatriz Santana, que imaginou o acontecimento, desde a
concepção até a arte final, decoração e empenho para que tivesse música ao
vivo, além de, vestida de palhaço, ciceronear os convidados levando-os aos seus
lugares. Isso fez a diferença, pois hoje, as mesas das festas têm muitas
cadeiras e chegar sozinho, escolher um assento e ser aceito é uma loteria, que
pode transformar a noite em desconforto e até mesmo precipitar a volta para
casa.
O ponto alto foi a
apresentação da bateria do Bairro Morada do Parque cujo mestre é Josecé Alves
dos Santos, uma fera do ritmo. Boa parte das pessoas parece reservada, contida,
mas, se anima com o clima receptivo e envolvida pela batucada, levanta-se num
impulso e se deixa contagiar. A música não tem idade e a empolgação é livre.
Resgatando uma
tradição antiga do Carnaval de clubes, e suprindo a vontade das pessoas de
rever amigos e dançar, o Elos Clube mostra organização, logística e coragem de
ousar num período de racionamento de água, quando foi necessário montar um
esquema especial para minorar a escassez, fazendo parte do trabalho na véspera
e reservando o líquido para lavar os vasilhames.
Mais tarde, novamente
as marchinhas tocadas de forma mecânica animaram a brincadeira, que findou sob
protestos após duas e meia da manhã. Saber usar os ingredientes certos altera o
resultado e foi o que aconteceu. Em termos de Carnaval, para quem tem tudo,
parece pouco, mas para quem não tinha nada é o bastante. E que venham outros
carnavais.
* Médica endocrinologista, jornalista
profissional, membro da Academia Feminina de Letras e do Instituto Histórico e
Geográfico, ambos de Montes Claros e autora do livro “Segurando a
Hiperatividade”
Como já aconteceu outras vezes por aqui, estive lá. E agradeço o carnavalesco passeio! Abraços, Mara.
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