Ouse mostrar seu talento
A
natureza dotou todas as pessoas (praticamente sem nenhuma exceção) de
determinadas aptidões, de certo potencial produtivo, de um dom natural que
precisa, no entanto, ser detectado, cultivado, aperfeiçoado, desenvolvido e
exercitado, para poder produzir efeitos.
Uns têm facilidade, por exemplo, para
trabalhos manuais, realizando maravilhas com as mãos, criando peças artesanais
de surpreendente beleza e praticidade. Outros, têm ouvido para a música, ou
para compor, ou para cantar, ou para executar um ou vários instrumentos. Há os
que têm vocação para a literatura (poesia, conto, romance, teatro, ensaio),
para as artes plásticas, para a economia e finanças, para a política, para o
direito, para a medicina etc. Os dons são tantos quantos as pessoas que há no
mundo.
Por mais humilde (e aparentemente
bronco) que um indivíduo possa parecer, bem no fundo de sua mente, às vezes
escondida nas profundezas do subconsciente, entre tantas idéias, tantos
pensamentos e tantas emoções, ele possui alguma aptidão, por mínima que seja,
que certamente não descobriu qual é, mas que está lá, à espera da descoberta,
do cultivo e do desenvolvimento.
Raros, todavia, têm a felicidade de
descobri-la(s) ainda na infância. Alguns fazem essa descoberta na juventude,
desenvolvem esse potencial, batalham por seu sonho, ousam e findam por produzir
obras marcantes, que sobrevivem ao tempo e ao espaço: à sua morte.
A maioria chega a essa constatação na
maturidade, recupera o tempo perdido e luze. Existem, porém, os que deixam as
verdadeiras vocações, aquilo que sabem fazer de melhor, para ser cultivado mais
tarde, muito mais tarde, depois que constituem família, geram, criam, educam e
encaminham os filhos e cumprem, portanto, o que entendem como sua “principal
missão” no mundo. Muitos têm tempo para isso e aproveitam. Outros são colhidos antes pela morte e
deixam de concretizar seu verdadeiro potencial.
Há, é claro, os que nunca descobrem as verdadeiras aptidões, por uma série de motivos e de circunstâncias e que chegam à fase crítica de vida, quando deveriam colher os frutos do que semearam, sem ter qualquer colheita a fazer, a não ser a de cardos e de espinhos das decepções e das frustrações.
É a essa aptidão inata, a esse
potencial a ser desenvolvido, que se denomina de “talento”. O significado dessa
palavra, de acordo com o dicionário, é: “dom natural ou habilidade adquirida;
inteligência excepcional”. Jesus Cristo, em sua passagem pelo mundo, legou à
humanidade, entre tantos e sapientíssimos ensinamentos, uma das mais sublimes
lições a esse respeito, através de memorável parábola.
Narrou que determinado senhor, tendo
que viajar, deu uma quantia em dinheiro a três de seus servos (representada
pela moeda romana de maior valor na época, o talento). Um recebeu três, outro
duas e o terceiro apenas uma. Cada qual fez, com esse capital, o que achou
melhor. O ousado, procurou multiplicá-lo. O tímido e inseguro, por seu turno,
preferiu guardar o que havia ganhado, e de uma forma bastante peculiar e
reveladora do seu caráter.
O primeiro dos servos aplicou seu
dinheiro a juros. O segundo, emprestou-o, com a condição de receber dividendos
desse empréstimo. O terceiro, porém, resolveu enterrar o que havia ganhado,
para não correr o risco de perder esse capital ou de ser eventualmente roubado,
já que seu senhor era extremamente severo nessas questões.
Quando o patrão regressou da viagem,
exigiu a prestação de contas dos três servidores. O servo que aplicou o capital
a juros pôde apresentar, como resultado, um lucro do dobro da quantia aplicada.
Quem emprestou, teve resultado idêntico. Só não lucrou nada, no entanto, o que
havia enterrado o seu talento. Desse, o senhor confiscou a única moeda que lhe
havia dado, pois mostrou absoluta falta de iniciativa, o que ele não tolerava.
Assim somos nós. Alguns têm várias
aptidões. Arriscam-se, expõem-se, fracassam às vezes, não raro sofrem
frustrações, mas chegam, finalmente, ao sucesso, mesmo que por caminhos
tortuosos. Adquirem, no meio da jornada, várias outras virtudes que não tinham
no início. São vencedores!
Há os que não nascem com tantos dons
assim, mas cultivam os que têm e também são bem-sucedidos. Todavia, a grande
maioria das pessoas “enterra” o seu talento, joga o seu tempo fora, limita-se a
procurar justificativas ou a apontar culpados para os fracassos que constroem
com a própria inércia, covardia e medo de se expor e findam seus dias amargos,
ressentidos e infelizes.
Nunca é tarde para descobrir, cultivar,
desenvolver e expor suas aptidões. Estude, leia, raciocine, escreva, componha,
toque algum instrumento, empenhe-se, trabalhe, planeje, sonhe, mas, sobretudo,
viva! E execute! Tenha a idade que tiver (essa não é uma questão cronológica),
aplique, com coragem e determinação, “o capital” que recebeu ao nascer. Não
tenha medo de mostrar ao mundo o seu talento, seja ele qual for!
Boa leitura!
O Editor.
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Que os dias amargos desapareçam.
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