terça-feira, 28 de junho de 2016

Invisível


* Por Eduardo Oliveira Freire


Na verdade, nunca contei a ninguém sobre isso, porque fiquei com medo de me acharem maluco. Desde menino, eu sentia cutucões e alguém me empurrar, mas, como não via ninguém, achava que era perseguido por um fantasma.

À medida que crescia, a presença ficava mais forte e agressiva. Ficava todo machucado e meus pais me perguntavam quem me batia e não dizia por medo deles me considerarem doido.

Um dia, só ouvi alguém gritar para mim para fugir e fiquei sem entender. Ouvi sirene da polícia, um cara apareceu do nada com uma faca apontando para mim e me levaram à delegacia para depor. “Seu delegado, estou sendo sincero, não sei o que aconteceu. Só não quero ser internado em um Hospício”.

Confesso, quis matar este cara metido a besta! No início, quando menino, queria brincar com ele, porém, nem ligava para mim e ia embora com aquele olhar distante.

Fiquei com raiva e comecei a bater nele e continuava a não me enxergar. Meu ódio cresceu ao longo dos anos. Então, já que nunca me viria, peguei uma faca e corri em sua direção.

* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/



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