Pais e filhos
* Por
Ana Soares
Por que o mundo de hoje
é tão diferente do "meu mundo" de antigamente?
Eu sei que as coisas
mudam, ok! Faz parte do pacote da nossa evolução, mas não seria mais
interessante que todas as mudanças fossem de fato para nos trazer dias
melhores?
De que nos adianta toda
esta evolução tecnológica, se humanamente estamos retrocedendo a cada dia?
Lembro-me das
brincadeiras de crianças: esconde-esconde,
amarelinha e ainda sinto o gosto de amora colhidas no pé - que comíamos
naturalmente sem lavar e nada nos acontecia, onde o fato mais preocupante que
nos acontecia era uma simples queda, andando de bicicleta ou de patins...
Ah! Quanta doçura
guardo das tardes da minha infância e adolescência, mesmo como uma certa
escassez de recursos e da presença da minha mãezinha que sempre trabalhou duro
para ajudar no sustento da casa... Quanta falta ela me fez! Quantas reuniões
escolares e festas eu desejei tê-la por perto e não tive. Quantas viagens
desejei fazer ao lado dela e não fiz... É que ter a presença e a compreensão
plena dos pais não era uma coisa muito fácil naquela época.
Ah! Mas não precisava
de nada, além de um olhar dentro do meu, para que eu sufocasse o choro, a
manha, ou seja lá, o que tudo aquilo
fosse... Passava!
Antigamente o respeito
dos pais e estar com eles era tudo...
Hoje, estar com os pais
é como tomar remédio em conta-gotas, é só em último caso, é só em última
instância, é como ir à igreja somente aos domingos e pensar que se garante
assim, um pedacinho do céu...
Filhos, entendam de uma
vez por todas:
- Não são os seus pais
que precisam de vocês, são vocês que precisam de seus pais!
A maior frustração dos
pais de hoje, discorre no momento crucial em que inadvertidamente, percebem que
no presente, de tanto desejarem ser "presentes", não haja quem os
recebam ou os percebam...
Hei, filhos, vocês
percebem?
*
Poetisa e escritora
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