Por um Brasil melhor
* Por Rodrigo Capella
Cada vez mais, os autores
brasileiros buscam diversificar o conteúdo dos livros, abordando ora prosa, ora
poesia. Em alguns casos, misturam os dois gêneros, oferecendo uma obra bem
complexa para o leitor. No Brasil, portanto, não existe mais quem faça apenas
romance ou poemas. Os novos escribas são generalistas e adoram defender esse
tipo de título, como se vivenciassem uma verdadeira revolução literária.
Essa nova tendência surge como
reação dos escritores ao atual cenário de nossa literatura. Faltam livrarias,
sobram livros. De acordo com entidades do setor editorial, temos apenas 1.700
livrarias espalhadas por apenas 10% dos municípios brasileiros. Para complicar
ainda mais as coisas, elas recebem aproximadamente 20.000 novos livros ao ano,
sem contar as reedições e reimpressões. Faltam, nesse contexto, oportunidades
de expor os livros, sobram talentos, uns esplêndidos, outros nem tanto.
Os autores que querem continuar
na estante ou entrar nela precisam, portanto, adotar estratégias para
conquistar o grande público. Só assim terão sucesso no meio editorial. Muitos
escribas optaram, então, por mesclar os gêneros, causando certa estranheza no
leitor, acostumado em escolher prosa ou poesia, na maioria das vezes a
primeira.
Essa é a nova fase da literatura
brasileira, que propiciará, em breve, o surgimento de mais um movimento literário.
Provavelmente, algo terminado em “ismo” ou “Semana de alguma coisa”. Não
importa o nome. A proposta é mais valiosa do que uma simples designação e deve
ser discutida: nossa literatura está no vermelho, precisa de soluções e de
propostas. Isso cabe aos escritores e aos leitores.
Ela precisa, também, de um novo ânimo,
de mais motivação e alegria. Isso cabe às iniciativas governamentais, que
poderiam, por exemplo, investir mais em eventos literários e em feiras de
livros. Além disso, a literatura brasileira precisa de mais energia. Isso cabe
ao segmento editorial, que invés de reclamar da falta de leitores, precisa
organizar campanhas de incentivo a leitura.
Essa é a receita: escritores,
governo, sociedade e segmento editorial unidos em prol da leitura e da educação
brasileira. Só assim teremos um progresso, só assim construiremos um Brasil
melhor.
(*) Escritor
e poeta. Autor de "Poesia não vende", que conta com depoimentos de
Ivan Lins, Bárbara Paz e Moacyr Scliar, entre outros. Informações: www.rodrigocapella.com.br
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