Mulheres de
Chico*
** Por Evelyne Furtado
Nenhum homem canta melhor as mulheres do que Chico
Buarque de Holanda. Chico cantou e canta todas nós em todas nossas matizes. De
Carolina a Geni. Da Rita à mãe do Meu Guri. Encontro-me em seus versos, banhada
pelo luar ou usando açúcar e afeto para você parar em casa.
Sou Joana Francesa e a dona do Folhetim. Já pareci
com uma das Mulheres de Atenas e já olhei nos seus olhos para ver o que você
dizia. Já vi a Banda passar cantando coisas de amor. Até vi Boi Voador.
Senti-me sem um pedaço de mim e nunca uma saudade doeu tanto.
Fui Maria, a princesa, o brinquedo e uma das três
noivas do cowboy. Também fui deixada em uma ladeira do Bonfim e não devolvi seu
Neruda. Cantei Olé Olá e esperei o samba para não chorar. Queimei meus navios e
já não sabia mais nadar, quando tuas mãos ainda estavam em meu seio e era hora
de partir. Como se eu Eu Te Amo tem uma das mais lindas letras da Música
Popular Brasileira? Para mim a mais bonita sim.
Mas nada que Chico escreveu chega longe da beleza. Nada! Nem mesmo o sonho medonho, pois se encerra ternamente com um apelo para o aconchego. E fico por aqui, lembrando quantas vezes falei que o meu amor tem um jeito manso que é só seu, que me deixa louca, quando me beija a boca.
Lembro ainda nas outras tantas que pedi para que o
menino viesse sem fantasia, pois da noite para o dia ele não cresceria. Nem eu,
eternamente a menina de onze anos como no dia em que vi aqueles olhos tímidos
no saguão do aeroporto aqui em Natal.
* Este texto nasceu depois de assistir mais uma vez o musical Mulheres de Holanda. Ousei brincar com as letras do poeta genial e querido Chico Buarque. Com sua licença, moço dos olhos do mar.
** Poetisa e cronista de Natal/RN
Eu ainda não vi, só ouvi, e muito, para nunca me cansar.
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