terça-feira, 5 de março de 2013


Aboio de Ascenso

* Por Talis Andrade

Delicioso ouvir
Ascenso recitando
Na poesia de Ascenso
o cheiro da terra no cio
a música o ritmo a ginga
o cantar o dançar do povo
o cantochão a poesia em transe
nos improvisos da embolada
do fandango
do coco de roda
e dos maracatus

O vozeirão de Ascenso
agitava as redações
localizadas em local propício
junto às fontes de notícias
Todos os poderes reunidos
em uma promíscua proximidade
Assembléia Legislativa Câmara Municipal
palácios das Princesas e da Justiça
igrejas e casas de meretrício

Deitado em uma imensa rede invisível
armada em uma varanda de ventos alísios
rodeado de mucamas
Ascenso que não era feito de ferro
descansava a malandragem
de jogador de baralho
de tirador de conversa
destilando aguardentia
todos os dias
- Carnavá meu carnavá
tua alegria me consome
chegou o tempo de muié largá os home
chegou o tempo de muié largá os home

* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 13 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Romance do Emparedado” (Editora Livro Rápido) e outros à espera de edição.

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