segunda-feira, 11 de junho de 2012

Poema quieto


* Por Flora Figueiredo


Deixe que o silêncio discorra por nós
e ache as respostas,
que nos beije o peito,
que nos coce as costas
e nos dê o direito de calar
o tempo.

Deixe que ele cubra o momento
e se distenda leve
como um lençol de renda;
que seja arguto o bastante
para impedir o instante de ser breve.

Deixe que o silêncio nos proteja.
pra que ninguém escute,
nada se revele
e possamos trocar as nossas peles
sem que a censura veja.

• Poetisa, cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima, ritmo e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça - às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal, seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário