Meu
eco através do tempo
* Por Pedro J. Bondaczuk
Ecos,
tênues ecos dos meus agudos apelos
e
súplicas, e rogos e lamentos,
perdidos
entre outonais meses de abril.
Tentativa,
inútil,
de
fugir do Tempo,
da
sua fúria deletéria,
da
inexorável degeneração.
De
deter o curso da Terra,
de
reter o sol em seu eixo,
de
paralisar calendários e relógios.
Inútil
faina, vã lamentação!
Incontrolável
marcha das horas!
Incontida
torrente de fel e cal!
Carrasco
dos ideais e sonhos,
feitor
da ditadora morte:
ele,
sempre ele, insensível Tempo!
Ecos...Num
pátio, perdido nos anos,
soam
risos cristalinos e inocentes
do
feliz menino que um dia fui.
Nas
ásperas pedras de perdida rua
de
pacata, fantasmagórica cidade,
um
gato preto busca companhia.
E,
em surdina, o som soturno e irritante
dos
meus incertos e trôpegos passos,
cambaleantes,
desarmônicos, sem ritmo,
ecoam,
sombrios, murmúrios de angústia,
nas
paredes sujas de mofados becos.
Calidoscópio
confuso de lembranças...
Rostos
que o Tempo, feroz, deformou.
Sombras
furtivas de queridos finados.
Recordações,
confusas, dos meus oito anos.
Ecos...Contínuos
e soturnos ecos
do
que já fui e do que jamais serei...
(Poema composto em São
Caetano do Sul, em 6 de agosto de 1964).
*
Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de
Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do
Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções,
foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no
Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios
políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance
Fatal” (contos), “Cronos & Narciso” (crônicas),
“Antologia” – maio de 1991 a maio de 1996. Publicações da
Academia Campinense de Letras nº 49 (edição comemorativa do 40º
aniversário), página 74 e “Antologia” – maio de 1996 a maio
de 2001. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 53,
página 54. Blog “O Escrevinhador” –
http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk
Não sei como alguém, aos vinte anos, pôde imaginar "a fúria deletéria do tempo".
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