Partilha de alegrias
A
imensa maioria das pessoas, não importa em que época tenha vivido e
nem sua condição social (e, portanto, material), tem o estranho
hábito de apostar no que é negativo. Observe, por exemplo, as
conversas numa roda de amigos. Você notará, com a maior facilidade,
que os assuntos tratados, mesmo os mais triviais, para não dizer
banais, são, invariavelmente, todos de críticas, intrigas, fofocas
e maledicências.
Ou,
então, são de notícias ruins, dando conta de tragédias, de
violência e de crise. É certo que os meios de comunicação
contribuem, demais, para essa postura. E esse não é sequer, como se
pensa, fenômeno exclusivo do nosso tempo. A leitura de jornais e de
livros do passado, não importa se recente ou muito remoto, por
exemplo, mostram que sempre foi assim.
Partilhamos
com os outros tristezas, mágoas, queixas, frustrações e uma
infinidade de coisas negativas, na vã esperança de recebermos ajuda
para amainar, senão eliminar nossas aflições. Não eliminamos.
Pelo contrário, subconscientemente, alimentamos nossas angústias,
multiplicando-as exponencialmente.
Ocorre
que nosso interlocutor convive, amiúde, com os mesmíssimos
problemas que nós e espera, por sua vez, que o ajudemos, da mesma
forma que esperamos a sua ajuda. É o típico caso, portanto, de um
cego tentando guiar outro cego. Esse tipo de conversa não passa,
pois, de mera perda de tempo, o que, em vez de nos ajudar, vai nos
complicar ainda mais, posto que nem sempre percebamos isso.
Há
um tipo de partilha, porém, que tem um benéfico e bem-vindo efeito
multiplicador e que, na verdade, é o antídoto que tanto procuramos
para anular os efeitos dos venenos da alma. É o de alegrias. É o do
bom humor. É o do otimismo, da crença que todos os males são
passageiros e que o amanhã pode (se assim quisermos) ser muito
melhor do que o aflitivo presente.
Dizem,
os pessimistas, não sem uma certa dose de razão, que “nada é tão
ruim que não possa piorar”. Mas os otimistas igualmente estão
certos ao inverterem essa premissa para “nada é tão bom que não
possa se tornar melhor”. Qual das duas afirmações você prefere?
Se for a primeira, está na hora de mudar seus referenciais. Ou, em
casos extremos, de procurar, com urgência, ajuda de algum
especialista.
Da
minha parte, opto pela segunda colocação. Aprendi, ao longo dos
anos, depois de apanhar muito da vida, que o pensamento positivo me
predispõe a vitórias inacreditáveis. E quando sobrevêm os
fracassos, seus efeitos são minorados pela sólida crença numa
reversão de expectativas no amanhã.
Sempre
que me sinto tentado a pensar no negativo, lembro da personagem
Scarlet O’Hara, do clássico de Hollywood, “O vento levou”, que
diante da catástrofe pela qual passava, em decorrência da guerra
civil norte-americana, não se perdia em lamúrias e nem cogitava em
se matar. Cerrava os dentes, e exclamava, cheia de confiança e de
energia: “Amanhã será outro dia!”.
Está
aí magnífico lema para nossas vidas. Que tal você enquadrar essas
palavras, em letras garrafais, e colocá-las em um lugar bem visível
do seu gabinete de trabalho? Com o tempo, elas serão gravadas em seu
subconsciente e você haverá de encarar os fatos, próprios ou
alheios, na devida perspectiva. Deixará de ser triste, mal-humorado
e infeliz, e portanto desagradável aos que o cercam e até a você
mesmo.
É
isso, leitor amigo, “amanhã será outro dia!”. Experimente
partilhar com os outros seu bom humor, otimismo, esperanças, fé e,
sobretudo, alegrias. Em um primeiro momento, é verdade, você corre
o risco de ser encarado como alienado. Mas, esteja certo, as pessoas
não irão se afastar de você, como se tivesse alguma doença grave
e contagiosa. Sua atitude, aos poucos, irá ter efeito multiplicador.
Transformará, sem que estes se apercebam, a de seus interlocutores.
O
dramaturgo dinamarquês, Henrik Ibsen, declarou, em uma de suas
peças, pela boca de um dos seus personagens: “Pode-se ficar alegre
consigo mesmo durante um certo tempo, mas a longo prazo a alegria tem
de ser compartilhada por duas pessoas”. Busque, apenas, a companhia
de quem esteja disposto a fazer essa partilha ou a aceitá-la, caso
seja você o partilhador.
Nada,
absolutamente nada é tão bom que não possa melhorar. Esta tem que
ser a sua crença, nos momentos favoráveis e, sobretudo, nos
aziagos. Isto é o que você deve partilhar com as pessoas que ama e
mesmo com as que detesta. Haja o que houver, aconteça o que
acontecer, “amanhã será outro dia”. E pode (por que não?) ser
o da sua maior vitória na vida, caso acredite, de fato, que o seja e
se predisponha para tal.
Boa
leitura!
O
Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Trombo a toda hora em desastres, mas, embora pense sempre no pior, imagino que logo vai passar. Tem me dado força para enfrentar as tantas doenças que tenho.
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