Acerca das chuvas II
* Por
Wilson Freire
“Mas
o lindo pra mim é céu cinzento,
Com
clarão entoando o seu refrão,
Prenúncio
que vem trazendo alento,
Da
chegada da chuva no sertão”.
(Gonzaguinha)
Lá, quando o céu fica
da cor de chumbo e o vento vem varrendo, a gente diz que tá "bonito pra
chover". Aqui, que é mau tempo. Lá, as águas são saudadas com festa de
meninos correndo nas ruas. Tomar "banho de chuva", ficar debaixo da bica
da igreja que, de tão forte, bate no quengo e deixa tonto. Lá, faz-se novena a
São José (dia 19 de março), pedindo pra que ela venha, muita, forte. Aqui para
que ela não venha que já tem água demais. E por vai uma ruma de diferenças
acerca das chuvas entre lá e cá.
No ano de 2009, compus
as letras e músicas de um CD,
"CANÇÕES DO MILHO”, com arranjos de Cláudio Almeida e interpretado por
Sevy Nascimento (à venda na Passadisco Parnamirim), em que eu recito um poema
chamado Gênese. Meu ponto de vista sobre as chuvas:
“O
mormaço nunca o vi.
Só
o sinto como agora.
Diz
a ciência que é
gota
d`água que evapora
que
se transforma em nuvem
e
como chuva ela chora.
A
chuva afaga o lajedo
até
deixá-lo macio.
Depois
corre barulhenta,
é
correnteza no cio.
Quando
se entrega ao riacho
engravida
e pare um rio.
O
rio então se desgarra
mundo
afora inundar
vazantes,
roças, barragens,
até
um dia encontrar
cova
de água salgada
aonde
vai se enterrar”.
Aí, a fartura dá no
meio da canela!
*
Médico, compositor, escritor, cineasta, diretor da Candiero Produções
Audiovisuais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário