Toque de clarins
* Por
Alberto Cohen
Acordem meus demônios e meus anjos,
o campo de batalha há muito dorme,
e os raios e coriscos que acendiam
os versos feitos de contradições,
quedaram-se passivos, sem coragem,
sem tempestades, gritos, palavrões.
Apenas o silêncio nas trincheiras,
onde lutaram medos e paixões,
veste de cinza o que já foi vermelho,
debocha do ruído das idéias
que conquistaram seu papel com tinta,
sem honrarias, condecorações.
E rosas e jasmins não têm mais cheiro
de fazer respirar quem já morreu,
a promessa de um beijo não tem chance
de renascer o amor que se perdeu.
Acordem meus demônios e meus anjos,
dilacerem por mim seus corações.
*
Poeta e escritor paraense
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