Texto de gaveta
* Por
Vítor Orlando Gagliardo
Você já se apaixonou de
verdade? Foi correspondido? Correspondeu? Se não estiver mais com tal pessoa,
como se sentiu? Calma, não se trata de um interrogatório emocional. São apenas
perguntas na tentativa de entender o que é o tão temido e sofrido amor.
Se o amor é um
sentimento puro, verdadeiro e composto de sonhos e alegrias, por que as pessoas
sofrem tanto quando não são correspondidas? É uma contradição. É como guerrear
para ter paz; chorar de alegria ou o que é pior, tomar injeção para aliviar a
dor. Não faz sentido.
Já me disseram qual é o
real sentido do amor: não ter sentido. Pois bem, até que ponto vale a pena
confiar seus sentimentos em quem você acabou de conhecer? Já me disseram: “Não
confie, apenas viva!”.
Me vejo em mais um
problema: como vou confiar em quem não conheço? É como chegar na esquina e
falar a senha da conta para um estranho.
Por essas e outras
dúvidas, me pergunto: será possível viver feliz sozinho? Acredito que a maioria
diga que não. Inclusive, há a famosa frase que o poeta diz que “o mal do século
é a solidão”. Mas é difícil saber o que o senso comum pensa por solidão. Será
ficar sozinho, recolhido em um meio interior? Ou apenas estar sozinho,
emocionalmente falando?
Talvez esse texto caia
em um possível clichê. Na verdade, esse não é o motivo de sua escrita. Confesso
que não tenho muitas pretensões em relação à interatividade. Afinal de contas,
somos jornalistas e não psicólogos. Além do mais, é difícil falar de amor sem
cair na mesmice de sempre.
Nunca fiz um texto
pensando em resultados futuros. Com esse é diferente. Hoje, exatamente dia 24
de Abril de 2008, é um dia importante. Nesse exato momento não estou com
ninguém e passei por uma decepção amorosa, o que justifica minhas dúvidas. Nos
próximos minutos, estarei encaminhando-o para a aprovação do Pedro [editor do
Literário]. Não sei se será publicado e caso o seja, não sei em qual dia.
Talvez ainda esteja sozinho. Talvez não.
Hoje, acredito que o
amor não faça sentido e talvez esse seja seu atrativo. Sim, eu sei que é uma
contradição, Mas às vezes, é necessário conviver com essa contradição, como por
exemplo, torcer por uma vitória do Flamengo para favorecer meu Fluminense.
Por isso, resolvi
chamá-lo de texto de gaveta. Quero lê-lo daqui a dez anos e saber o que mudou
(se mudou) na minha forma de pensar. Por
fim, deixo a pergunta inicial como chave desse texto: você já se apaixonou de
verdade?
*
Jornalista
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