domingo, 10 de agosto de 2014

Texto de gaveta

* Por Vítor Orlando Gagliardo

Você já se apaixonou de verdade? Foi correspondido? Correspondeu? Se não estiver mais com tal pessoa, como se sentiu? Calma, não se trata de um interrogatório emocional. São apenas perguntas na tentativa de entender o que é o tão temido e sofrido amor.

Se o amor é um sentimento puro, verdadeiro e composto de sonhos e alegrias, por que as pessoas sofrem tanto quando não são correspondidas? É uma contradição. É como guerrear para ter paz; chorar de alegria ou o que é pior, tomar injeção para aliviar a dor. Não faz sentido.

Já me disseram qual é o real sentido do amor: não ter sentido. Pois bem, até que ponto vale a pena confiar seus sentimentos em quem você acabou de conhecer? Já me disseram: “Não confie, apenas viva!”.
Me vejo em mais um problema: como vou confiar em quem não conheço? É como chegar na esquina e falar a senha da conta para um estranho.

Por essas e outras dúvidas, me pergunto: será possível viver feliz sozinho? Acredito que a maioria diga que não. Inclusive, há a famosa frase que o poeta diz que “o mal do século é a solidão”. Mas é difícil saber o que o senso comum pensa por solidão. Será ficar sozinho, recolhido em um meio interior? Ou apenas estar sozinho, emocionalmente falando?

Talvez esse texto caia em um possível clichê. Na verdade, esse não é o motivo de sua escrita. Confesso que não tenho muitas pretensões em relação à interatividade. Afinal de contas, somos jornalistas e não psicólogos. Além do mais, é difícil falar de amor sem cair na mesmice de sempre.

Nunca fiz um texto pensando em resultados futuros. Com esse é diferente. Hoje, exatamente dia 24 de Abril de 2008, é um dia importante. Nesse exato momento não estou com ninguém e passei por uma decepção amorosa, o que justifica minhas dúvidas. Nos próximos minutos, estarei encaminhando-o para a aprovação do Pedro [editor do Literário]. Não sei se será publicado e caso o seja, não sei em qual dia. Talvez ainda esteja sozinho. Talvez não.

Hoje, acredito que o amor não faça sentido e talvez esse seja seu atrativo. Sim, eu sei que é uma contradição, Mas às vezes, é necessário conviver com essa contradição, como por exemplo, torcer por uma vitória do Flamengo para favorecer meu Fluminense.

Por isso, resolvi chamá-lo de texto de gaveta. Quero lê-lo daqui a dez anos e saber o que mudou (se mudou) na  minha forma de pensar. Por fim, deixo a pergunta inicial como chave desse texto: você já se apaixonou de verdade?

* Jornalista


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