sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Um homem no portão

Por Eduardo Oliveira Freire

Gustavo olha pela janela o estranho em frente a sua casa e vai atendê-lo:
- Bom dia, o que deseja?
- Gustavo?
- Sim...
- Não se lembra de mim, sou João Paulo. Estudei com você no ginásio.
- Estou me lembrando de vagamente, o que posso lhe ajudar? Entra.

João Paulo estava nervoso:
- Lembra-se que eu implicava muito com você?
- Bem... Coisas de criança. Nem me lembro mais.
- Como? Eu te batia e xingava todos os dias! Estou aqui, para pedir perdão.
- Perdoar? Faz tantos anos.
- Por favor, me perdoe e me livre da maldição que você rogou para mim.
- Cara, você está doido! Não joguei nenhuma maldição para você. Não estou gostando do rumo dessa conversa.
- Não se lembra mesmo? Por favor, precisa recordar para me salvar.

Gustavo começou a puxar pela memória e foi às lembranças antigas diluídas pelo tempo. Então, veio o fragmento. No chão, sujo de terra e sangue, Gustavo disse para João Paulo: - Nunca será feliz. Vai perder tudo que ama e vagará com um morto vivo pelas ruas.
- João Paulo, lembro-me. Estava com tanta raiva de você naquele momento. Mas, nunca quis seu mal.
- Tudo bem, mas me perdoa?!
- Claro, sem ressentimentos.
- Me sinto leve. Preciso ir, tchau!
- Tchau!

Quando João Paulo foi embora, Gustavo se sentiu leve. Em todos esses anos, tinha a impressão de carregar um peso muito grande que não o deixava ser feliz.

* Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor



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