Outro gosto
* Por Márcio Juliboni
Empoçados estão meus olhos de sol.
Nada vejo que não seja luz.
Furta-cores brincam pelo quintal,
De mãos dadas ao verão que os conduz.
A noite chega em trajes transparentes.
Roça meu corpo com sua brisa sedosa.
Murmura íntimos desejos entre dentes,
Enquanto seu frescor me diz que goza.
Deito-me com ela ao relento.
Seu intangível corpo me excita.
Súbito, só com sonhos me sustento
Lá onde a primeira estrela gravita.
Enquanto o mundo gira atrás de si
Em busca de seu próprio rosto,
o sol nos olhos me diz que re-amanheci
e que, à noite, a luz tem outro gosto.
*Jornalista, cobre Economia e Negócios no portal Exame. Trabalhou no
serviço de notícias online, “Panorama Setorial”, do jornal Gazeta Mercantil, na
Agência Estado e em várias revistas segmentadas. Iniciou a carreira na grande
imprensa em 2000.
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