Homens e bois
* Por César Leal
Como um cruzador regressa
ao porto e vai descansar
das muitas fadigas juntas
em suas patas de radar,
regressam os bois ao curral
a mugir na cerração
do pó que as patas levantam
do lombo-azul do verão.
Marcham sempre organizados
— como em marcha um batalhão —
são tristes, magros e tristes
os magros bois do sertão.
Alguns morrem mesmo bois,
pescoço atado ao cambão,
outros morrem a morte de homens:
sangue a correr pelo chão.
Esse o destino dos dois
(homem ou boi, não importa o nome)
ambos morrem para matar
(dos canhões e homens) a fome.
• Poeta
terça-feira, 1 de maio de 2012
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E assim se questiona o sentido da vida.
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