Crônica
do Ano Novo
* Por
Fábio Valentim
Ano
novo, vida nova, assim como todos falam, o mundo fala, a
televisão fala, as pessoas falam. Fogos são queimados, espumantes
estourados e muita festa em meio a grande bebedeira e muita festa. As
pessoas escolhem as cores para poderem entrar com o pé
direito no novo ano, sem nenhum pudor. Ainda há muitos que
lotam as praias, passando por todo tipo de perigo, para assistir as
belas queimas de fogos. É no ano novo que se esvai toda aquela
histeria e loucura coletiva, iniciada com as músicas natalinas ainda
em novembro, quando as pessoas gastam tudo o que tem, gastando até
mesmo mais do que tem, para poder ter uma noite feliz,
para finalmente, comemorar a virada do ano, sem ter a ideia de que já
em janeiro, vem as dívidas e os gastos e muitos problemas, jogando
por terra todo esse lema de ano novo, vida nova, pois na
verdade, é um ano exatamente igual ao anterior.
É
nessa mesma época que vemos pessoas fazendo planos, resoluções e
desejos para o novo ano, em que planejamos tudo. Mas apesar de tudo,
a gente acaba muita das vezes esquecendo nossos planos, justamente
por conta destas mesmas dificuldades repetitivas que vem todos os
anos, na qual a gente nunca mais sai deste ciclo vicioso. E acabamos
com mais um ano de metas não cumpridas, criando mais um ciclo
vicioso, um grande redoma que faz impossível tornar sair. As vezes
as melhores coisas da vida são aquelas que não planejamos ou que
não desejamos, ou o que desejamos tanto, e acabamos conseguindo nos
momentos que nem mesmo percebemos ou até mesmo quando pensamos em
desistir, e a vida acaba de nos devolver.
No
fim de tudo, que a gente não fique apenas em desejos e criação de
metas, que possamos mesmo agir, tomar atitudes, que a gente possa
fazer diferença a cada dia, a cada minuto, pois nada cai do céu. A
mudança, a grande mudança só ocorre, quando a gente passa a se
levantar da nossa zona de conforto e passa a caminhar com as nossa
próprias pernas, quando a gente decide olhar a paisagem e mergulhar
nela, não ficando na inércia, por mais confortável que ela seja.
Nenhuma mudança ocorrerá, se a gente permanecer na nossa zona de
conforto, achando que poderia permanecer ali para sempre, sem
corrermos o risco de ser atropelados pela vida, ou ficar andando
em círculos ano.
Seja
você a mudança, não de ano após ano, mas dia após dia, momento
após momento. Do contrário, não fará nenhum sentido gastar o suor
do teu trabalho em ceia de ano novo, em roupas caras, em bebidas e
músicas melosas, que faz qualquer pessoa sã querer se entupir de
antidepressivo. De nada adianta correr todo tipo de perigo em praias
e locais altamente movimentados ou gastar fortunas para passar
perigos de soltar fogos de artifícios, bombinhas e cabeção de
nego, como forma de virar o ano. Acho que poupar todo esse dinheiro
que seria uma grande mudança na sua vida, uma forma de dizer, eu
mudei, pois mudança é uma atitude, pois o novo ano, é o ano que
traz 365 oportunidades de mudanças, de ser feliz e encontrar o
sentido e o propósito de nossa vida. Que tomamos coragem nesse novo
ano que inicia, pois ela é o motor da mudança de nossas vidas e que
deixamos o nosso passado pra trás, mas que deixamos pra trás,
principalmente a crônica da virada do ano, a crônica da histeria de
fim de ano, que gera falsidade, uma falsa esperança a cada virada do
ano, para a partir daí, possamos viver de verdade.
*
Escritor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário