Ano Novo, vida nova…
* Por
Aliene Coutinho
A roupa branca do réveillon,
comprada no início de dezembro, foi o sinal de alerta para a
primeira promessa do ano novo: emagrecer! Foi isso que Isabel jurou,
sob os fogos que explodiam no Pontão do Lago, ao nascer de 2007.
Naquela noite ela resistiu à ceia farta, aos chopes, aos doces que
faiscavam diante de seus olhos, só não dispensou as sete uvas, para
os sete pedidos, uma simpatia que ela fazia desde que se entendia por
gente.
E o Ano amanheceu nublado,
aquele friozinho típico das manhãs de verão em Brasília, uma
preguiça, uma vontade de tomar um chocolate quente, e Isabel, meio
sonolenta, quase inconsciente, correu para a cozinha, e comeu tudo
que encontrou, devorou até um pedaço de pernil tirado da geladeira,
lambeu os dedos, e só então deu conta do que havia prometido a si
mesma.
Sentiu-se mal, chegou a ficar
tonta, tomou fôlego e lembrou de quantas outras vezes havia feito a
mesma promessa, e quantas outras vezes não conseguira passar do
terceiro dia de dieta. Goooorda, gorda, ela não era, mas estava seis
quilos acima do peso, as calças apertadas, uma barriguinha teimava
em aparecer nas blusas de malha. Passou a usar batas, era moda mesmo,
e quando olhava da varanda do apartamento onde morava para o Parque
da Cidade, também jurava, que ia dar aquela volta quase olímpica,
mas tudo sempre ficava para amanhã...
Ressaca moral é a pior de
todas, que o diga Isabel. Ela chorou, de verdade, sentiu medo de não
poder cumprir outras promessas, de não avançar, ou crescer em
coisas que dependessem exclusivamente dela. Lembrou de anos passados
e seguidos, que prometera parar de roer unha, de deixar o cabelo
crescer, de fumar, porque era tão complicado mudar de vida, de
atitude???
Enxugou as lágrimas, vestiu
um moleton folgado, calçou um tênis e lá se foi para o Parque, só
agüentou meia hora de caminhada, suou. Na volta passou numa academia
e fez a matrícula numa turma de spinning. Ficou sabendo que a cada
uma hora pedalando, é possível perder 600 calorias. No finzinho do
primeiro mês de 2007, ela ainda persiste e garante: vai resistir ao
pecado da gula, e se a felicidade depende de alguns quilos a menos,
aquela velha calça jeans 38 do fundo do armário que a aguarde.
*
Jornalista,
professora de Telejornalismo do Instituto de Ensino Superior de
Brasília – IESB.
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