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Clóvis Campêlo
Sônia
Braga, quem diria, acabou no Oceania
* Por
Clóvis Campêlo
Sônia Braga, quem
diria, é paranaense da cidade de Maringá, onde nasceu no dia 8 de julho de
1950. Consta que começou a sua carreira de atriz aos 14 anos. Em 1968, aos 18
anos, participou da montagem brasileira da peça Hair, causando escândalo ao
aparecer nua em cena. Ainda em 1968, participaria do filme O Bandido da Luz
Vermelha, dirigido por Rogério Sganzerla, e considerado hoje um clássico do
cinema marginal brasileiro. Em 1975, representaria o papel título da novela
Gabriela, baseada no livro homônimo do escritor baiano Jorge Amado. A novela
atingiria recordes de audiência para a sua época, com cerca de 25 milhões de
pessoas, tornando a atriz definitivamente famosa no Brasil e no mundo.
O Edifício Oceania foi
construído na praia do Pina, nos anos 50 do século passado, quando o bairro
eminentemente ocupado por pescadores e operários, começou a despertar a atenção
da classe média e da pequena burguesia. Assim, a atriz e o prédio são
contemporâneos, de uma época em que tanto o bairro do Pina, quanto a cidade e o
país mostravam um perfil social e econômico que os tempos modernos trataram de
modificar.
Kleber Mendonça Filho
nasceu no Recife, em 1968. Formado em jornalismo pela Universidade Federal de
Pernambuco, trabalhou na imprensa pernambucana como crítico de cinema, antes de
enveredar na sétima arte como diretor. Em 2013, dirigiu seu primeiro filme, O
Som ao Redor, o qual foi aclamado por diversas fontes como o melhor, ou um dos
melhores lançamentos do ano. Entre eles, o crítico americano de cinema A. O.
Scott, do jornal The New York Times, e o compositor brasileiro Caetano Veloso,
que na sua coluna do jornal O Globo, o classificou como “um dos melhores filmes
feitos recentemente no mundo”. Era a glória.
Em agosto do ano
passado, Sônia Braga chegou ao Recife para participar das filmagens de
“Aquarius”, o novo filme de Kleber, com cenas filmadas em diversos locais da
nossa cidade.
Segundo o Diário de
Pernambuco do dia 7 de julho, “A atriz Sônia Braga, um dos ícones da
dramaturgia brasileira e internacional, sobretudo pela atuação em Gabriela, vai
protagonizar o próximo filme do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho,
batizado de Aquarius. Ela dará vida a uma escritora viúva, de meia-idade,
crítica de música aposentada e mãe de três filhos, com o poder de "viajar
no tempo". A participação dela na produção do cineasta do estado com mais
projeção no exterior (O som ao redor, de autoria dele, foi o indicado
brasileiro à disputa do Oscar e listado entre os dez melhores filmes de 2012
pelo New York Times) ocorreu durante meses”.
Por seu lado, a atriz
declarou: “Quando li Aquarius, tive que parar para respirar. Sim, respirar e
entender que era real. Que era um roteiro do Kleber Mendonça e que ele estava
me oferecendo para participar. Pareceu de cara um sonho: uma personagem
íntegra, da minha idade, com meus sonhos, com os meus sonhados filhos e família.
Quis logo viver esta mulher. As palavras do roteiro pareciam que já tinham
andado na minha boca”.
Pronto, estavam
firmados os fundamentos para a grande realização. As filmagens aconteceram em
vários locais da cidade do Recife, inclusive no famoso Restaurante Leite, no
bairro histórico de São José. No entanto, as principais cenas foram gravadas no
Edifício Oceania, na orla do Pina. Ainda segundo o Diário de Pernambuco, a
curiosidade em torno das gravações gerou até problemas de trânsito na Avenida
Boa Viagem, nos primeiros dias das gravações.
Recife, fevereiro 2016
*
Poeta, jornalista e radialista.
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