Algumas mestras de grandes filósofos da
Antiguidade
A contribuição feminina na origem e consolidação da
Filosofia foi das mais relevantes, embora seja, ainda hoje, pouco conhecida ou,
pior, quase que absolutamente desconhecida e, por isso, não reconhecida.
Perdoem-me por este meu mau estilo literário, rimando palavras em texto não
poético. Essa, todavia, é a melhor forma de expressar absurda realidade.
Afinal, competência, criatividade e sabedoria não são, nunca foram e jamais devem
ser questões de sexo. Ou as pessoas as têm
ou não as têm, independente se são homens ou mulheres. As informações que ora
partilho com vocês as obtive na enciclopédia eletrônica Wikipédia. Não
repetirei, portanto, doravante, a fonte, que está devidamente identificada e
creditada, ok?
As mulheres contribuíram decisivamente não apenas com a
filosofia, mas com todas as ciências, derivadas dessa prolífica fonte, com
destaque para a matemática. Você ficou admirado com isso?! Não deveria! Afinal,
é para lá de conhecido o senso prático feminino. E essa “arte” de quantificar,
de medir, de pesar etc.etc.etc. é de extrema praticidade. Aliás, é imprescindível
para todas as ciências (física, química, biologia etc.etc.etc.) e para as ações
mais comezinhas do dia a dia. Ou não? Quando se fala – o que raramente ouço, é
mister frisar – da contribuição feminina para a Filosofia, pensa-se, de
imediato, nas gregas da Antiguidade. As relativamente conhecidas são,
realmente, dessa etnia. Mas não foram as únicas. Em comentário anterior,
abordei, por exemplo, o pioneirismo da suméria Enheduama, em uma época em que a
imensa maioria da humanidade ainda estava mal saindo da era da Pedra Lascada.
Outra figura lendária, todavia, que tem que ser pelo menos citada,
é a indiana Lopamudra. Essa sábia filósofa viveu, e atuou, em cerca de 800 a.C,
portanto há quase três milênios. Aliás, essa questão de data de passado tão
remoto não é para ser levada muito a sério. Trata-se, somente, de rústico
referencial. Afinal, ao longo do tempo, foram tantos e tão exóticos calendários
adotados pelos diversos povos que a adaptação para o nosso, atual, é mero
exercício empírico. Datas de passado tão remoto, portanto, podem ter diferenças,
para mais ou para menos, de décadas, de séculos e, às vezes, até mesmo de um
milênio. Vá se saber! Portanto, as datas que citarei não são para serem levadas
rigorosamente ao pé da letra. Não passam de rústico referencial e nada mais do
que isso. Entre as façanhas de Lopandra, a tradição registra a composição de
pelo menos um dos hinos do Rigveda, além da disseminação dos mil nomes da Deusa
mãe.
A primeira filósofa grega de que se tem notícia é Temistocléia.
Trata-se, conforme informações do filósofo Aristoxenos, da mestra de ninguém
menos do que Pitágoras, o tal do famoso teorema. Além de se dedicar à
Filosofia, foi, portanto, extraordinária matemática. Viveu em Delfos, no século
VI a.C. Foi quem introduziu Pitágoras nos princípios da ética. É considerada a “primeira
filósofa do Ocidente”. Quem quiser conhecer sua obra, portanto, é só atentar
para as idéias de seu ilustre discípulo.
Outra grega que se dedicou, simultaneamente, à Filosofia e à
matemática, foi Melissa. Dela se conhecem menos detalhes ainda do que de
Temistocléia. Sabe-se que viveu, e filosofou, também em Delfos, igualmente no
século VI a.C e que foi ligada à escola pitagórica. Da filósofa grega seguinte
da minha relação já li inúmeras referências, todavia, nenhuma vinculando-a à
Filosofia. Refiro-me a Safo de Lesbos, que viveu nessa ilha entre os séculos VII
e VI a. C. É conhecida como poetisa e educadora. Nasceu na cidade de Mitilene,
na ilha de Lesbos. Rivalizou com o poeta Alceo e, junto com ele, representa a
criação da poesia lírica grega, em contraposição à poesia épica (Homero). Da
sua obra conservaram-se dez livros. A ela, todavia, são atribuídas práticas
sexuais nada ortodoxas entre mulheres, sabe-se lá por qual razão. Supõe-se que
a palavra “safada” e suas derivadas surgiram a partir do seu nome. Vejam que
covardia se faz com a memória de pessoas que não podem se defender!
Outra filósofa grega cujo nome chegou até nós. Aristocleia,
também viveu em Delfos, onde foi sacerdotisa. É citada por muitos antigos
escritores como tutora de Pitágoras, antes deste ser entregue à tutela de
Temistocleia. Como se vê, esse ilustre filósofo e matemático teve, na sua
formação, importante e talvez decisiva influência feminina. Theanã, nascida em
546 a.C., viveu na última parte do século VI a.C. Foi respeitada matemática
grega. É também conhecida como filósofa e física. Theanã foi aluna de Pitágoras
e supõe-se, até mesmo, que tenha sido sua mulher. Acredita-se que ela e as duas
filhas tenham assumido a escola pitagórica após a morte do ilustre filósofo e
matemático.
Aspásia de Mileto é outra figura feminina que eu conhecia,
mas fora do âmbito da Filosofia. Ela viveu de 470 a 410 a. C. Pertenceu ao
círculo da elite de Atenas, onde conheceu Péricles e com ele teve um filho.
Como sofista da época, Aspásia também nada escreveu. Os relatos de sua
habilidade como argumentadora e educadora, bem como sua influência política
sobre Péricles, encontram-se na obra de Platão. Aliás, atribui-se a esse
filósofo a criação da personagem Diotima de Mantineia, sábia que é apresentada no
diálogo “O banquete”. Não se sabe se ela existiu ou se foi mero fruto de ficção.
Supõe-se que tenha existido de fato e vivido em Atenas entre os anos 427 e 347
a C. A ela atribui-se toda a teoria socrático-platônica do amor.
A filósofa seguinte da minha pífia relação, Asioteia de
Filos, que viveu entre os anos de 393 e 270 a C, também é vinculada a Platão. Ensinava
física na Academia do ilustre filósofo ao lado de outras mulheres que
frequentavam a escola. Pena que nenhuma delas teve sequer o nome citado para
que a posteridade ao menos soubesse que existiram. Mas... Deixa pra lá!
Já Hipárquia de Maroneia foi uma aristocrata grega, que foi
elogiada por Diógenes Laertios pela cultura e raciocínio. Foi comparada a
Platão. Escreveu: “Cartas e Tragédias”. Gostaria de ter acesso a essa obra,
para conhecer um pouco das suas idéias. A filósofa seguinte é uma judia, que
não praticava o judaísmo e que viveu no século I d C., na cosmopolita Alexandria,
no Egito. Trata-se de Maria, ou Miriam, seguidora do culto de Isis. É considerada
fundadora da alquimia. Entre seus escritos está o livro de Magia Prática.
Atribui-se a ela a descoberta do ácido clorídrico e é em homenagem às suas
descobertas com o ponto de ebulição da água o nome de banho-maria que se dá a
esse processo tão utilizado hoje em dia.
O último nome da minha relação de filósofas da Antiguidade é
o de Hipácia. Ela viveu em 415 d C. Cultivou superiormente as matemáticas e a
filosofia. Manteve viva a chama do pensamento helênico de raiz ateniense numa
Alexandria dilacerada pelas lutas religiosas. Aliás, justamente por causa desses
conflitos, foi brutalmente assassinada por uma turba enfurecida de religiosos
fanáticos, que a linchou. É o preço que a inteligência pagava e ainda paga ante
a superstição, a ignorância e a irracional violência. Na sequência, proponho-me
a comentar sobre as filósofas da Idade Média. Afinal, elas existiram. E...
filosofaram... Aguardem.
Boa leitura.
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Muito interessante. Gostando da sua pesquisa, Pedro.
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