sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Pílulas literárias 130

* Por Eduardo Oliveira Freire

GRANDE HELENA
Nunca diz não. Empresta o namorado para amiga feia, para que a outra sinta o gosto de um beijo na boca. Faz amor com o vizinho moribundo, que morre satisfeito. É madrinha do casamento do ex-marido, que casa com a melhor amiga dela. Sente um amor imensurável. Sonha ser uma giganta, que alimenta com seus seios enormes os habitantes do planeta. Morre reduzida a nada e só. Entretanto, a Grande Helena povoa os sonhos e as lembranças dos muitos que foram ajudados por ela.

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VISITA INCONVENIENTE
Os galhos secos invadem a janela do quarto, preciso podá-los. Quando anoitece, tenho cada susto.

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DELICADEZA
“Ser delicado num mundo de brutos significa ser forte” Sempre ouvia dos pais essa lição. Viveu como quis. Ajudava quem precisava e nem ligava para os comentários maldosos. Quando morreu, curiosos queriam vê-lo nu. Mas, seu corpo se desfez em pétalas ao vento.

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SELVAGEM
Meus dentes estão afiados. Não sou vampiro, nem lobisomem. Transformo-me numa criatura que só deseja curtir a fugacidade da vida.


* Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor

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