sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A árvore da vida

* Por Jair Lopes

O filme “A árvore da vida” é dirigido por Terrence Malick, o mesmo diretor de “Além da linha vermelha” e, por coincidência ou não, Sean Penn que fazia o papel do sargento Edward neste filme sobre a segunda guerra, também trabalha na árvore da vida. Além de Penn, Brad Pitt é protagonista ao lado de Jessica Chastain.

O filme é instigante, eu diria que não é para amadores, vale a pena ser assistido mais de uma vez por aqueles que não captarem a essência da historia que é meio fragmentada e não obedece uma linha rígida de tempo.

A história começa nos anos cinquenta na cidade Waco no Texas e foca uma família comum conservadora americana. Deve-se lembrar que o Texas é um estado conservador tanto político como religioso, do chamado “Bible belt south”, de onde saíram os Bushs que governaram os EUA e fizeram guerra durante seus mandatos e onde o eleitorado é republicano de raiz. Vale lembrar também que o conservacionismo texano prega o criacionismo como se ciência fosse nas suas escolas primárias, então não é nenhuma surpresa que o filme tenha justamente uma família conservadora típica como protagonista da história.

Bem, a família conservadora de Brad e Jessica (Sr. e Sra. O’Brien) é composta pelos pais e três filhos meninos. O senhor O’Brien, embora amoroso, cria os filhos com extrema rigidez, cobra deles comportamento e postura quase de seminaristas religiosos. Seus gestos e maneiras de se dirigir a ele e outras pessoas têm que ser observados com rigor absoluto, qualquer deslize é passível de punição. Os filhos se submetem, mas o mais velho, Jack, costuma se rebelar em horas que não está sendo observado. Em alguns momentos dá a impressão que filho odeia o pai. A mãe é passiva, abnegada, amorosa e suporta com estoicismo e sofrimento a tensão em servir de amortecedor das exigências do marido em relação aos filhos.

O drama que vive a família gira em torno da morte do filho mais novo em condições que não aparecem no filme, mas que afetam profundamente o pai, os irmãos e principalmente a mãe que jamais se recupera da perda. Jack, protagonizado por Sean Penn quando mais velho, fala muito pouco, aliás, há pouquíssimos diálogos no filme, o diretor embasa a estória em imagens quase fantásticas com ênfase na água, seja em cachoeiras, em forma de gelo, cenas submarinas, rios e chuva, muita chuva. Para contar a estória o diretor mostra a formação do universo desde o big bang até o aparecimento da civilização moderna, passando por cenas com dinossauros. Há quase vinte minutos só de cenas da criação do mundo sem nenhum diálogo, mas com música de fundo magistral. Vale a pena curtir essa parte fundamental do filme sem pensar em nada só ver, só observar. Como eu disse no início, é instigante.

• Escritor, autor dos livros “O Tuaregue” e “A fonte e as galinhas”.

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