Sou um escritor que não tem o que falar
* Por Fernando Mariz Masagão
“
Quack!”
Donald Fauntleroy Duck( 1934-
)
Aliás,
como todos. Eu abomino este tipo de título. Isso é título de
vagabundo, como dizia a minha vó Das Dores. É mister termos modos.
Eis o mal da nossa literatura hoje. A arte, regra geral, é uma fila
quilométrica para um único banheiro. Não há compostura, nem
intelectual, nem moral. Caga-se nas calças sem o menor
constrangimento.
Consta
do Livro de Denis que o mundo acabou de fato no ano 2000 de Nosso
Senhor, embora ninguém tenha percebido. Ouve-se falar de casos
abomináveis de desumanidade, mas ninguém engasga o seu bocado.
“Temos que escrever isto, registrar o horror, imprimir às gerações
futuras o espanto do nosso próprio descalabro”.
Banana
não é azul, não adianta o meu pai afirmar o contrário. A palavra
é metade do conteúdo. Nada é genial. A verdade é um amontoado de
idéias. É engraçado como a gente consegue escrever junto, não? –
pergunto a você, leitora de minissaia. “Eu só te motivo, quem
escreve é você”. “Mas você não se sente cerceada...”. “Qual
é o problema com a mocidade de hoje, hein Fernando...?” “Responda
você”. “ Nenhum, são seus olhos.” Ah, leitora de
minissaias...
Eu
digo qual é o problema. Calma, não precisamos correr. “Lá vem o
Fabão: Mandôôô...!!!! Josué vem, bom passe na esquerda, vinte e
um minutos e cinqüenta!” O interfone tocou. “Seu Fernando... É
o Diabo.” “Pode mandar subir.”. E mandar subir o Diabo é como
um convite à literatura, é como mandar um e-mail à uma mina
desconhecida de Ribeirão Preto e espocar a silibina virtualmente.
Vocês podem até achar que eu sou um novo Henry Miller, um moderno
Marquês de Sade que faz os jornalistas ficarem de membro duro (por
favor, onde está escrito “membro”, leia-se “pau”. É apenas
para a editora não tesourar (d´onde se deduz que as cousas andam
meio afrodescendentes por aqui.)
Não
sou, aliás, homem de freqüentar prostíbulos. É meio esquisito,
ponto. “Faz favor, quando é que vai sair este texto?” “Eu vou
dizer pra mina de Ribeirão, e ela vai banhar-se em minhas palavras,
balouçando suas espáduas úmidas”. Ah, eu amo omoplatas. E
leitoras de minissaias. “PÉ ESQUERDO!!!! PRA FORA”””””””
(*)
Fernando Mariz Masagão é músico, dramaturgo, poeta e colaborador
de publicações online sobre arte, com crônicas e críticas
musicais. Guitarrista e vocalista de bandas de rock'n'roll, tem
formação clássica vigorosa, em cursos de regência sinfônica,
apreciação musical e instrumentação.
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