Às
pombas
* Por
Francisco Simões
Pombas,
pombas, pombas,
Fujam
da Paz,
Da
Paz que faz bombas,
Das
bombas dos homens
Que
defendem a Paz.
Fujam
para a vida,
Escapem
da bala,
Do
tiro que cala
E
da asa partida.
Fujam
da cruz,
Da
traição, do suplício,
Do
tormento e sacrifício,
Que
vive a se repetir.
Fujam
do rugir
Do
monstro, da besta,
Do
homem que pretexta
Seus
atos de destruir.
Fujam
do siso
Que
assassina a loucura
Na
cura pelo juízo
Que
vence, cresce e tortura.
Fujam
do sábio
E
de suas tolices,
Tentem
ler nos seus lábios
O
que ele não disse.
Fujam
do culto,
Do
mito, da idolatria,
Pois
toda mente vazia
É
a morada do inculto.
Fujam
do sonho
Que
não puderem tê-lo,
Pois
o pior pesadelo
É
acordar desse sonho.
Fujam
da cabala
Que
trama pelo poder
E
do tolo que fala
Somente
para obedecer.
Fujam
do silêncio
Que
a verdade atrofia
E
que não denuncia
Porque
é conivente.
Fujam
do ardente
Discurso
político
Que
no mote é eloqüente
E
na ação é paralítico.
Fujam
do bem,
Da
bem-aventurança,
Que
nos planta esperança
Para
colhermos só no além.
Fujam
do pó,
Da
poeira que nos cega,
Que
violenta e desagrega
E
na ilusão deixa só.
Fujam
da rosa
Sem
perfume, venenosa,
Hoje
ainda mais poderosa,
A
“Rosa de Hiroshima”.
Fujam
da rima
Dos
meus versos de utopia
Por
uma vida que um dia
Não
torture, não oprima.
Fujam
das sombras
De
um grande sol virtual
Quando
a vida real
Sucumbir
ante as bombas.
Pombas,
pombas, pombas,
Fujam
enfim
Desta
visão tão escura,
Da
consciente loucura,
Pombas,
fujam de mim.
*
Jornalista,
poeta e escritor.
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