Pílulas literárias 165
* Por
Eduardo Oliveira Freire
QUEM É ELA?
“Os dias passam, estou
bem aqui. A senhora sempre vem me dar uma comida e contar histórias. Quem é
ela? A casa em que estou é aconchegante, ao longe, ouço os pássaros no quintal
e a folhagem das árvores em contato com o vento. Sono, vou dormir de novo. Tudo
está calmo, sempre quis isso. A senhora me acorda e diz que preciso ir embora.
De repente, percebo-me nessa cama de hospital. Encontraram-me numa casa
abandonada e se surpreenderam com minha recuperação, estava bastante
debilitado.”
***
No lugar que ele foi encontrado,
havia um livro infantil jogado em um canto qualquer:“ PASSANDO AS FÉRIAS COM A VOVÓ...”
***
MESMO SONHO
Telefone
toca...
- Tive
outra vez o sonho. De repente apareço num famoso programa de televisão. O
apresentador me olha assustado, pergunta quem sou eu. Os seguranças vêm, não
sei o que fazer. Fujo. As dançarinas do palco gritam apavoradas. Percebo-me um
monstro gelatinoso. Acordo suado. Está me ouvindo? Como? Quer assistir novela?
Vai à merda. Poxa vida! Falta de consideração!
***
- Maluco, nem conheço o cara.
***
IMAGEM DE UM SONHO
Era uma
vez...
Uma
princesa muito boa e adorada por seus súditos.
Mas, a
princesa da discórdia apareceu na tempestade e, com seus soldados, invadiu o
castelo da princesa boa.
Quando as
duas se encontraram, uma força as atraiu e se beijaram até se fundirem num ovo,
onde surgiu outra princesa que encerrou a batalha.
Essa era serena e implacável ao mesmo tempo. Os
súditos ora a amavam ora a odiavam.
***
O GRITO
Quando eu era criança,
ele surgiu do nada. Não vinha de fora, mas de dentro. Ninguém acreditava em
mim, ninguém o ouvia. Fui levado a vários psiquiatras infantis e o grito
persistia. Já estava entorpecido de tanto remédio. Um dia, resolvi conversar
com o grito, pedi para berrar menos e comecei a conversar com ele sobre várias
coisas. Ficamos em harmonia e apesar de o grito não falar, eu conseguia
decifrar cada som que produzia. Entretanto, num dia desses, despareceu de
repente. Procurei-o por toda parte e não o achei. Agora, vivo no silêncio e
sinto sua falta.
***
CASTELO DE AREIA
Quando eu era criança,
ele surgiu do nada. Não vinha de fora, mas de dentro. Ninguém acreditava em
mim, ninguém o ouvia. Fui levado a vários psiquiatras infantis e o grito
persistia. Já estava entorpecido de tanto remédio. Um dia, resolvi conversar
com o grito, pedi para berrar menos e comecei a conversar com ele sobre várias
coisas. Ficamos em harmonia e apesar de o grito não falar, eu conseguia
decifrar cada som que produzia. Entretanto, num dia desses, desapareceu de
repente. Procurei-o por toda parte e não o achei. Agora, vivo no silêncio e
sinto sua falta.
* Eduardo Oliveira
Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense,
com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor
Os mini-contos podem ser delírios, fantasias, sendo dinâmicos e ágeis. Numa só palavra tudo muda.
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