sexta-feira, 1 de março de 2013


Pílulas literárias 159

* Por Eduardo Oliveira Freire

PERSEGUIÇÃO
 
O senhor sente algo o perseguindo. Apressa o passo e fecha a porta. Ouve um barulho na porta e abre, segurando uma faca. Não tem ninguém, só uma pipa no chão. Lembra-se dela. Quando era menino a tinha feito e, um dia, havia desaparecido de repente. Pega-a emocionado. “Por onde andou?”

***
ABSURDO

- Já tenho tudo planejado, com trinta anos terei meu primeiro milhão.
Quando está dirigindo, um clarão no céu surge e ele, distraído, não vê o caminhão na sua frente.
No dia seguinte tudo está em silêncio. A Terra não existe mais.

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ALTRUÍSTA

Sempre cuidava dos outros e nunca ligou para si. Um dia, encontrou alguém muito necessitado e foi ajudar.

Perguntou quem era e outro respondeu: - Você.
De repente, viu seu reflexo através da vitrine de uma loja.

***
NINA

Era fascinada pelas chamas. Quando morreu incendiada, o irmão mais novo dizia que se transformou numa fada de fogo.
***
MAMÃE

Nadava horas na piscina, desconectava-se do mundo. Quando ouvia meu chamado, ela parava e vinha sempre com uma concha. Não entedia como ela trazia a lembrança, já que não mergulhava no mar. Anos depois, já muito idosa, pediu-me para coloca-la na piscina e nadou até desaparecer.

* Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor

Um comentário:

  1. Microcontos cada vez melhores e mais fúnebres. A surpresa chega a desapontar de tão imprevisível.

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