* Por Márcio Juliboni
"Minha alma é uma lâmpada que se apagou e ainda está quente..." (Hora Absurda – Fernando Pessoa)
Estou vespertino.
Aprofundo-me no negrume
a cada hora.
Sei que a noite terá seu cume
ao nadir da aurora...
Então, serei noturno.
Apagar-se-á de mim todo lume
nos olhos de quem chora.
Tal como a dor se resume
na prece de quem ora,
quererei ser madrugada.
Romper a sisudez de betume
da noite que me apavora.
Negá-la, antes que me acostume
à desfé que me devora.
E, novamente, serei manhã
– ponto em que o dia se assume
sobre a sombra de outrora.
E irei com a hora que rume
junto à vida que se reflora...
*Jornalista, cobre Economia e Negócios no portal Exame. Trabalhou no serviço de notícias online, “Panorama Setorial”, do jornal Gazeta Mercantil, na Agência Estado e em várias revistas segmentadas. Iniciou a carreira na grande imprensa em 2000.
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