quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010




A mãe do prefeito

* Por Cacá Mendes

Lá na minha terra, soube daqui, um velho amigo dos bons, dos bem dentro do meu íntimo, que meu já foi até vizinho de emprestar açúcar e tudo o mais, agora anda apavorando os poderosos daquela plaga... Tudo surgiu a partir de uma brincadeira sua com alguém, dizendo aos dizendo que seria, que era, então, candidato a candidato a prefeito. Por onde? Como? Ora, claro, pelo PT. Porque lá o partido do presidente Lula, pelo que me contaram é modestíssimo, nunca conseguiu ir além do encher uma perua Kombi. Daí, que ninguém duvida da fala, em soberbo desafio, desse aspirante ao cargo mais cobiçado daquela comarca dos gerais. E se sabe que é brincadeira porque o cabra em questão nunca foi homem de política, nem de dinheiro, nem de nenhuma outra ameaça às espécies sociais do PUDER. Sujeito dos mais simples, dos mais pacatos, dos mais sem jeito pra coisa, no mais longe do tema e da compreensão da peleja humana chamada política.

Esse apavorador dos macacos da árvore genealógica do PUDER na minha terra, nada mais é que um homem que nunca saiu à rua, sem antes botar na sua cara o melhor sorriso, o melhor brilho no olho, a melhor sinceridade. Sim, e de longe já grita, já mexe com o mexido, apertando a mão no aperto certo da força do apertador, e se houver reciprocidade, batidas no ombro, abraços não faltam; depois vem os-como-vai-a-família, e o tudo-bem-eu-vou-bem-e-você-como-vai... e repete, de novo, novamente, igual, parecido, similar, tudo outra vez sempre que avista um assemelhado seu... Ufa, este é o nosso futuro prefeito, ora. Sim, isto sou eu aqui repetindo pra mim o que tão dizendo às escondidas, no cantinho do riso irônico galhofeiro, no canto também das bocas graúdas da elite apavorada com tamanha popularidade repentina desse, desse, desse... Bom, o nome fulano, beltrano, sicrano.

O amigo candidatíssimo, veja, continua tranquilo na sua simplicidade... Segundo boca dele mesmo. Dentro do Partido ninguém crê, não querem crer que ele tenha força, dinamismo, jeito, pegada, condições... diz-se, materiais, né (expressões assim surgem, claro depois que ele sai do ambiente). O cara não possui onde cair vivo, como vai ser prefeito, ora! Este dito é uma interpretação dele pra mim, dele mesmo quando deixa as rodas dos mais malvados - porém incrédulos com sua capacidade publicitária. Duda Mendonça, Nizan Guanaes e outros tais do marketismo político ficariam no chinelo, se analisamos as estratégias desse meu tal amigo que não posso dizer do nome – mesmo porque, se sabe, é notório, em escrito não posso dizer, devido ao rigor da Lei Eleitoral. Vai que pegam isso, e a coisa pega, atrapalha o danado. Ufa, e não sou eu que vou tirar o primeiro caminhãozinho de areia do seu rio, não mesmo. Serei fiel, como no sempre, até o último pescoço de vida. Creia.

Pra encerrar esta minha peleja em apresentar a tal história verídica, pequena, mas verde em vida de se ver já, agora, ao vivo – como se diz na TV – em tamanha façanha, direi em exemplo, registrado, sobre a mãe do nosso postulante ao cargo de candidato de postulante àquela prefeitura de minha terra (desse milagre não revelarei a igreja que seja a dele, em sã consciência, claro). Dona Senhora é portadora de Alzheimer e vive numa cadeira de rodas, e esse seu estimado prodígio, já “prefeito” – para íntimos e intimados que vai encontrando no acaso das ruas – é quem cuida com o máximo zelo e carinho de sua Senhoria.

Pois bem, e não sei se mal, Dona Senhora e seu filhote maravilhoso, pregador de ideias suas mesmas, toda manhã passeia e toma o sol oferecido a Minas Gerais, para que sua mãezinha saia da sua triste mesmice de cama e o ermo do silêncio mal disfarçado do Alzheimer. São ricas manhãs de prática do maior amor que possa haver entre mães e filhos, algo raro em demonstração viva e perene dos assins da vida, oh. Um soberbo encontro, invejável. E desse pedestal honroso, altivo, magnânimo, indestrutível, inabalável, a quem passa e se interessar possa ele pronuncia:

- Olha aqui gente, esta aqui é a mãe do prefeito, vejam! Mãe, fala com eles, vai mãe!

Dona Senhora não fala, claro, não ri, não pronuncia nada, apenas olha o infinito do filho diante do infinito de quem passa e ri ao seu amável e maravilhoso prefeito.

* Jornalista – blog: www.cronicaseg.blogspot.com





2 comentários:

  1. "Quem faz a fama deita na cama."
    Já vi isso acontecer...e começou
    como quem não queria nada, a única
    diferença é que o cargo era para
    a câmara de vereadores.
    Beijos

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  2. Valeu, Nubia, por suas palavraas, sempre! Beijos daquiu

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