Em
paz
*
Por Amado Nervo
Perto
do meu ocaso, eu te bendigo, ó Vida,
porque nunca me deste esperança falida
nem trabalhos injustos, nem pena imerecida.
porque nunca me deste esperança falida
nem trabalhos injustos, nem pena imerecida.
Porque
vejo no fim de meu rude caminho
que fui eu o arquiteto de meu próprio destino;
que se os méis ou o fel eu extraí das cousas
foi que nelas pus mel ou biles amargosas:
quando plantei roseiras, não colhi senão rosas.
que fui eu o arquiteto de meu próprio destino;
que se os méis ou o fel eu extraí das cousas
foi que nelas pus mel ou biles amargosas:
quando plantei roseiras, não colhi senão rosas.
Às
minhas louçanias vai suceder o inverno;
mas tu não me disseste que maio fosse eterno!
Julguei sem fim as longas noites de minhas penas;
mas não me prometeste noites boas apenas,
e, afinal, tive algumas santamente serenas…
mas tu não me disseste que maio fosse eterno!
Julguei sem fim as longas noites de minhas penas;
mas não me prometeste noites boas apenas,
e, afinal, tive algumas santamente serenas…
Amei
e fui amado, o sol beijou-me a face.
Vida, nada me deves! Vida, estamos em paz!
Vida, nada me deves! Vida, estamos em paz!
(Tradução de Anderson Braga Horta)
*
Pseudônimo
de Juan Crisóstomo Ruiz de Nervo, foi um poeta mexicano. O romance O
bacharel apresenta características naturalistas. Os livros de poemas
Pérolas negras e Místicas têm características que indicam
influência da chamada poesia modernista hispano-americana.
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