Bossa
moderninha
* Por
Pedro J. Bondaczuk
Perguntaram-me,
outro dia,
se ainda me acho poeta.
Claro que não! Para quê?!
Trata-se de anacronismo
nesta era, dita "moderna"!
se ainda me acho poeta.
Claro que não! Para quê?!
Trata-se de anacronismo
nesta era, dita "moderna"!
A
bossa, agora, é não pensar.
É fingir alienação.
Temos o computador!
A moda é protestar,
sem conhecer a razão,
ou impor-se pelo terror.
É fingir alienação.
Temos o computador!
A moda é protestar,
sem conhecer a razão,
ou impor-se pelo terror.
O
homem virou máquina,
de carne, osso e sangue.
Despiu-se da realeza!
Robô tem sentimentos?
Tem noção da beleza?!
de carne, osso e sangue.
Despiu-se da realeza!
Robô tem sentimentos?
Tem noção da beleza?!
A
bossa agora é outra...
É ser "moderninho" no amor,
dividindo a companheira;
ser moderno em advogar,
protestando, destruindo;
ser "moderno" no extermínio,
criando as bombas "H"s,
mísseis com múltiplas
ogivas nucleares,
Minutemen, Poseidons,
SS-20 ou coisa igual,
foguetes antifoguetes,
satélites espiões
com carga atômica.
Afinal, o mundo é "moderno"!
É ser "moderninho" no amor,
dividindo a companheira;
ser moderno em advogar,
protestando, destruindo;
ser "moderno" no extermínio,
criando as bombas "H"s,
mísseis com múltiplas
ogivas nucleares,
Minutemen, Poseidons,
SS-20 ou coisa igual,
foguetes antifoguetes,
satélites espiões
com carga atômica.
Afinal, o mundo é "moderno"!
É
esmagar os humildes,
em nome da liberdade.
É lesar nosso vizinho
com arte, ou artimanhas.
É consumir LSD,
heroína ou cocaína,
ser hippie psicodélico,
transplantar o coração
e se houver algum problema
de complexa solução,
levar ao computador!
em nome da liberdade.
É lesar nosso vizinho
com arte, ou artimanhas.
É consumir LSD,
heroína ou cocaína,
ser hippie psicodélico,
transplantar o coração
e se houver algum problema
de complexa solução,
levar ao computador!
Ser
livre?! Raciocinar?!
Ora, é anacronismo!
Somos peças descartáveis
de monumental sistema,
monstruoso super-homem
dos ideais de Nietszche.
Ora, é anacronismo!
Somos peças descartáveis
de monumental sistema,
monstruoso super-homem
dos ideais de Nietszche.
A
moda, agora, é amor livre,
com violência animal
e "suíte" de palavrão.
É a apologia da curra,
dos gays e da prostituição.
com violência animal
e "suíte" de palavrão.
É a apologia da curra,
dos gays e da prostituição.
Reflito.
Se esse reflexo
não for sobre droga ou sexo
estarei sendo sem nexo!
não for sobre droga ou sexo
estarei sendo sem nexo!
Ser
poeta, neste tempo,
não passa de empulhação,
de fórmulas matemáticas,
palavras esotéricas
e muita mistificação!
não passa de empulhação,
de fórmulas matemáticas,
palavras esotéricas
e muita mistificação!
Ostentar
barba, cabelo
e costeletas compridos,
usar a gíria da moda,
"parecer" intelectual,
tomar ácido lisérgico,
com tragos de "marijuana",
vestir trajes burlescos
e passar a pão e banana.
e costeletas compridos,
usar a gíria da moda,
"parecer" intelectual,
tomar ácido lisérgico,
com tragos de "marijuana",
vestir trajes burlescos
e passar a pão e banana.
Ainda
querem saber
se continuo poeta? Não!
Aposentei minha lira
de arcaicas canções,
pois não mais sensibiliza,
como outrora, os corações
de plástico e transplantados.
se continuo poeta? Não!
Aposentei minha lira
de arcaicas canções,
pois não mais sensibiliza,
como outrora, os corações
de plástico e transplantados.
(Poema
escrito em Campinas, em 16 de outubro de 1968).
*
Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de
Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do
Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções,
foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no
Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios
políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance
Fatal” (contos), “Cronos & Narciso” (crônicas),
“Antologia” – maio de 1991 a maio de 1996. Publicações da
Academia Campinense de Letras nº 49 (edição comemorativa do 40º
aniversário), página 74 e “Antologia” – maio de 1996 a maio
de 2001. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 53,
página 54. Blog “O Escrevinhador” –
http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk
Em 1968 o computador dava seus primeiros passos em direção a popularização. Com poucas mudanças seu poema é atual.
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