Contramor
* Por
Adélia Prado
O
amor tomava a carne das horas
e
sentava-se entre nós.
Era
ele mesmo a cadeira, o ar, o tom da voz:
Você
gosta mesmo de mim?
Entre
pergunta e resposta, vi o dedo,
o
meu, este que, dentro de minha mãe,
a
expensas dela formou-se
e
sem ter aonde ir fica comigo,
serviçal
e carente.
Onde
estás agora?
Sou-lhe
tão grata, mãe,
sinto
tanta saudade da senhora…
Fiz-lhe
uma pergunta simples, disse o noivo.
Por
que esse choro agora?
*
Uma das mais consagradas poetisas brasileiras.
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