O estranho
* Por
Eduardo Oliveira Freire
Quando Laurinda viu
pela janela um homem estranho a caminhar ao redor da casa, sentiu aperto no
peito. Falou para o marido comprar alarmes e até uma arma.
O marido achou exagero,
mas realizou o desejo da mulher para ela ficar calma. Com o passar do tempo,
Laurinda via o estranho todos os dias e o medo aumentava. Quem era aquele
homem? Sentia-se cada vez mais em perigo.
O marido resolveu que
precisavam tirar umas férias juntos e foram à casa da serra. Laurinda, mesmo em
outro lugar, sentia a presença do estranho, porém decidiu ocultar o medo do
esposo.
Madrugada na serra, o
breu era mais intenso e parecia uma manta pesada que a sufocava. Teve pesadelos
de estar sendo perseguida. Quando acordou, viu que o marido não estava na cama
e foi procurá-lo no escritório.
Ele estava ao telefone
e dizia baixo para ter calma que tudo acabaria logo. Laurinda ficou curiosa e
se concentrou para ouvi-lo, já que uma forte chuva começava.
Ouviu que o marido
planejava algo, estranhou seu jeito, não parecia o homem com que conviveu por
vinte anos. Ouviu-o dizer para alguém que ela já assinou as apólices e só
faltavam os detalhes para matá-la.
Então a verdade
revelou-se. O estranho que ela via ao redor da casa era o marido, o tempo todo.
Não o tinha reconhecido, porque fora de casa, era outro, o caçador que esperava
o momento certo para agir.
Foi ao quarto e pegou
a arma da bolsa. Retornou para onde o marido estava e atirou até acabar munição.
Depois, ligou à
polícia e disse que matou um estranho que tinha invadido sua vida.
*
Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante
a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
Que louco. Apenas um bom ficcionista para dar um murro deste tamanho no estômago do desamparado leitor.
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