sábado, 31 de dezembro de 2016

Fotos Fernanda Paulino


Pelas Trilhas de Karla Celene do 
Brasil


* Por Mara Narciso


“País de diversidades, a cultura é nossa identidade”.


Há uma predeterminação de gente se emocionar com coisas bonitas, especialmente música, dança e poesia, pois, “meu corpo é fitas, meu corpo é festa”. Ana Valda Vasconcelos fala ao término, que “o show ‘As Trilhas do Brasil’ é completo e altamente cultural”. O Fitas - Grupo de Tradições Folclóricas desde 2005 vem movimentando o meio cultural de Montes Claros, com seus 40 bailarinos. Desta vez, com roteiro da escritora e professora de Literatura Karla Celene Campos e Direção de Léo Dumont mostra toda sua força. Contando com o trabalho da esfuziante e hiperbólica atriz e declamadora faz uma ponte para cima, ampliando o alcance cultural da sua apresentação. “Eu que já andei pelos quatro cantos do mundo, procurando”..., é assim, com versos de Raul Seixas que começa e termina a viagem inédita e inesquecível. A música tema do grupo também é sobre letra de Karla Celene, que diz que namorava o grupo Fitas há tempos, também era namorada por ele, e que agora se dá o casamento.

A singeleza do auditório do Colégio Marista São José, um parceiro, atrapalhou, mas não comprometeu a apresentação do grupo de dança, que, composto por jovens está maduro para visitar o exterior e para lá irá em breve, já se encontrando de malas prontas. Como bem disse Karla Celene no Programa Nossa Arte Nossa Gente, da Rádio Unimontes, “O Brasil invade Portugal!”

Com uma banda com forte batuque de tambores, sanfona afiada, acordes harmoniosos, cantores de amplo poder vocal, a performance mantém a platéia ligada. Portando uma maleta, roupa preta e um cachecol rosa choque, a roteirista mostra a estrada a seguir, usando poemas de sua autoria amarrados a versos conhecidos da Música Popular Brasileira. No nome do espetáculo a palavra “trilha”, de acordo com a autora, viaja do significado de caminho à trilha sonora. A banda pode cantar uma música cujos primeiros versos tenham sido falados pela atriz. Então, o grupo de dançarinos-cantores faz a festa, esbanja alegria, vibração, luz e energia, com ritmo e cor empolgantes. Quando a música é universal, o público canta junto e, espontaneamente, acompanha com palmas no ar.

A capacidade interpretativa e a paixão tão ampla quanto a envergadura dos seus braços fazem de Karla Celene a pessoa exata para servir de guia para os lugares visitados. Atrás dela, até os mortos querem ir. Ninguém fica imune ao seu chamado, mesmo quando algum zum-zum é ouvido no auditório. Silêncio, pessoal, a música está chamando!

As crianças mostram o gostoso frevo numa apresentação feliz. Moças e rapazes bonitos, trazendo lendas e oferendas, são seguidos pela tradução simultânea em Libras, Língua Brasileira de Sinais. Os sapateados, balanços e evoluções primorosas são ornados com boas maquiagens e esmerados figurinos compostos de botas, bombachas, saias rodadas, penachos, fitas e mil adereços cenográficos. O show começa pelo Rio Grande do Sul, passando por São Paulo, Bahia, Pernambuco, Amazonas, Pará e terminam em Minas Gerais, precisamente em Montes Claros. O Xaxado de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, foi um dos pontos altos, seguido pela moça de branco e sua dança africana, além de outras entidades de lá. A apoteose fica por conta dos caboclinhos, marujos e catopés, cujo clímax é “Montesclareou”.

Os versos, melodias e danças cheias de graça são apresentados em estado de apogeu por quase duas horas, numa viagem colorida de fitas e cores. Passageiros, garantam já seus lugares e se preparem para a próxima viagem. A qualidade do Grupo Fitas arrebatou todos os corações.

*Médica endocrinologista, jornalista profissional, membro da Academia Feminina de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico, ambos de Montes Claros e autora do livro “Segurando a Hiperatividade”   


Nenhum comentário:

Postar um comentário