sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Pílulas literárias 143

* Por Eduardo Oliveira Freire

- CLÁUDIA
Meu remédio. Já tomei? Liga a tevê pra mim, Cláudia. Mas, antes me prepara um suco, Cláudia... Está meio aguado, Cláudia. Hei, quem está te ligando, Cláudia? Veja o que vai aprontar, Claudia. O último namorado que você arranjou me deixou perneta, Cláudia. Que faca é essa, Cláudia? Como? Está cortando o bife, Cláudia? Não o deixa duro, Claudia, minha dentadura vai rachar de novo, Claudia. Cláudia, você é uma boa filha. Só tem dedo podre pra homem, Cláudia. Claudia! A campainha está tocando. Cláudia...

***

MEU MENINO
Óculos de armação grossa. Cabelos curtos. Poeta. Olhar atrevido. Antônia. Vi-a pela primeira vez em um famoso festival literário, ela dava uma palestra sobre o seu novo livro de poemas. Como pode escrever e falar tão sobriamente com apenas vinte anos? Olha para mim todo o tempo e sorri, retribuo... Alguém da organização do evento me dá um pequeno papel: “ no hotel às sete...” . Será que ela está brincando, comigo?
“Olá!!” disse a me ver entrar no saguão. Passeamos e conversamos sobre tudo. “ Sinto que está nervoso”. Tentei disfarçar. Tilintar dos talheres, conversa alta e agitação dos garçons nos incomodavam, “ Vamos sair daqui, me leva ao hotel”.
Beijo. Tiro sua roupa devagar, seios rígidos e pequenos. Encaixe perfeito. Cansaço. Sono. No dia seguinte, Antônia não estava lá. Quando retornei para casa, recebi um e-mail: “ Olá! Meu menino, tive um compromisso. Voltei para cidade e queria vê-lo.”.
A partir de então sempre estarei disponível quando me chamar.

***

O ASSASSINO EM MIM
Estava adormecido nas profundezas do meu inconsciente. Um dia ele acordou, quando matei um ladrão que invadiu minha casa. Agora, luto diariamente para fazê-lo adormecer.


* Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor

Um comentário:

  1. Cláudia, escrava e mártir de um crítico despótico. O outro caso, é um miniconto completo, com direito a cena de sexo, e o final, parece que os assassinos perdem o sono e não mais o encontram.

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