terça-feira, 13 de novembro de 2012

Formas

* Por Flora Figueiredo

O amor é um movimento circular.
Duas pontas que se acham,
Se encaixam de tal modo
Que começam e terminam
no mesmo lugar.

Milimetricamente se afinam

Giram juntas
Vivências abaixo
A rodar um enredo
Sem perguntas.

Sustentam a base da bola,
Felizes e adesivas;
Quando ela rola, se agarram,
Quando ela pára, se entendem
Sempre atadas,
Atentas e cativas.
Só que às vezes, na descida,
Numa pedra errada
De um caminho denso,
A roda fica contundida.
Já ovalada então
E com seu centro penso,
Ela fica desigual.
Cada ponta se destaca
E distancia:
Oposição plena e fatal
De uma reta perfeita
Da mais insatisfeita geometria.


• Poetisa, cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima, ritmo e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça - às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal, seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida.

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