* Por Evelyne Furtado
No âmago de todos nós há um oásis que refrigera corpo e alma. No auge da aflição devemos manter a calma e tentar encontrá-lo, mas não esperemos palmeiras ou lagos. Esse espaço dispensa qualquer configuração. Ele é nada. Ele é Tudo. Ele não se explica. Ele nos liga à essência, pois é nossa comunicação com Deus.
Cada um tem uma maneira de chegar lá. E por experiência própria garanto que não é fácil, mas vale à pena tentar. Não tenho o mapa. Não sou guru. Nem mesmo religiosa praticante. Sou mística e creio em Deus.
Nem sempre consigo, mas sei que a minha maneira de chegar ao meu Shangri Lá é ir lidando com os sentimentos negativos até entendê-los e perdoar. Perdoar a mim e a quem me provocou. Depois me nutrir de bons pensamentos, me ligar a pessoas legais e fazer boas ações, como os escoteiros mirins, lembram?
Ouvir boas músicas é uma boa. Não precisa ser música erudita. Muito menos "new age" (ai). Ouço o que gosto e principalmente as que conheço as letras e canto junto nas alturas. Se ainda sentir uma certa melancolia, aproveito para ver um filme triste e choro até soluçar.
Como não sou de ferro depois procuro fazer algo bem prazeroso: que pode ser uma volta na praia - tenho uma amiga que sai de uma ponta à outra da cidade para passar na ponte nova e eu adoro ir com ela. Mas também posso ir só. Olhar o mar é meio caminho andado para o paraíso.
Posso conversar e rir com gente querida. Abraçar forte minha filha. Trocar idéias com minha mãe e irmãos. Rir com os sobrinhos.
Ler, ler, ler...
Ah, amar muito e da melhor forma possível. Namorar é um dos rituais que mais nos aproxima de lá, desde que os sentimentos sejam bons e verdadeiros.
Ah, mas não preciso fazer tudo isso, porém, mesmo que faça,quando chego em casa acendo velas coloridas e faço preces para mim, para quem amo e para alguém que esteja precisando de oração e nem me pediu.
Ao me deitar, meu coração estará lá. E eu estarei em paz comigo, com o mundo e com Deus.
* Poetisa e cronista de Natal/RN
Disse não ter a receita, mas deu vários caminhos, todos possíveis. Para nós, em Montes Claros, o mais difícil é olhar o mar. O efeito é garantido, mas estamos a 750 km dele, onde está mais próximo. Isso não inviabiliza a receita, mas nos obrigada a buscar outras alternativas menos eficazes. Saudades do mar. Seis anos e dois meses sem vê-lo. Vou seguir suas pegadas e me encontrar. Obrigada, Evelyne!
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