Da
Musa e do tema
* Por
Flora Figueiredo
Calou-se
o poeta por um momento
para esperar a musa
que se escondia
fria, opaca, indiferente,
em alguma estrela escusa.
Fechou as portas da poesia,
trancou o verso,
deixou o canto submerso em melancolia.
Cerrou as vidraças do encantamento,
aprisionou o vento, portador de trovas;
as rimas novas arquivou no peito.
Deu-se ao direito de dobrar a vida
até que, a lágrima perdida
num instante de desalinho,
fez-se gasosa
e evaporou no íntimo da rosa.
Retornada a musa de sua insensatez,
reintegrou-se o poeta e poetou mais uma vez.
para esperar a musa
que se escondia
fria, opaca, indiferente,
em alguma estrela escusa.
Fechou as portas da poesia,
trancou o verso,
deixou o canto submerso em melancolia.
Cerrou as vidraças do encantamento,
aprisionou o vento, portador de trovas;
as rimas novas arquivou no peito.
Deu-se ao direito de dobrar a vida
até que, a lágrima perdida
num instante de desalinho,
fez-se gasosa
e evaporou no íntimo da rosa.
Retornada a musa de sua insensatez,
reintegrou-se o poeta e poetou mais uma vez.
In Florescência, 1987
*
Poetisa,
cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a
noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão
Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima, ritmo
e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua
intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça
- às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre
dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal,
seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida.
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