Cigarra
cantadeira e formiga diligente
* Por
Cora Coralina
Que
tenho sido, senão cigarra cantadeira e formiga diligente
desse longo estio que se chama vida…
Meus doces, meus tachos de cobre…
Meus Anjos da Guarda, veladores e certos.
Radarzinho… Meus fantasmas familiares, meus romanceados
de permeio à venda dos dos doces.
Antes, lá longe, no passado, parindo filhos e criando filhos
e plantando roseiras, lírios e palmas, avencas e palmeiras,
em Jaboticabal, terra do meu aprendizado de viver.
terra de meus filhos.
Minha gente de Jaboticabal. Meus Anjo da Guarda, Radarzinho,
atento ao tacho, tangendo as abelhas que se danavam nos meus doces,
dando aviso certo na hora certa. De outas me apagando o fogo,
um modo de ajudar que só Radarzinho sabia. Em outros tempos, muito antes
tinha já plantado um vintém de cobre que regava com amor
na esperança de haver crias. Porção de vinténs
correndo para Aninha.
desse longo estio que se chama vida…
Meus doces, meus tachos de cobre…
Meus Anjos da Guarda, veladores e certos.
Radarzinho… Meus fantasmas familiares, meus romanceados
de permeio à venda dos dos doces.
Antes, lá longe, no passado, parindo filhos e criando filhos
e plantando roseiras, lírios e palmas, avencas e palmeiras,
em Jaboticabal, terra do meu aprendizado de viver.
terra de meus filhos.
Minha gente de Jaboticabal. Meus Anjo da Guarda, Radarzinho,
atento ao tacho, tangendo as abelhas que se danavam nos meus doces,
dando aviso certo na hora certa. De outas me apagando o fogo,
um modo de ajudar que só Radarzinho sabia. Em outros tempos, muito antes
tinha já plantado um vintém de cobre que regava com amor
na esperança de haver crias. Porção de vinténs
correndo para Aninha.
Meus
fantasmas familiares do porão da Casa Velha da Ponte.
A todos, tantos, agradeço neste livro de vintém o auxílio, a alegria
que me deram o prazer daqueles que me ouviam contas estas estorinhas,
romances de um menininha que plantou num canteiro sombreado,
milho, arroz, e alpiste.
E o irmão pequeno tinha uma caminhãozinho de brinquedo,
e enquanto a roça crescia, o menino crescia
e ele enchia o caminhão daquela lavoura crescida no sonho da menina
que ia descarregar na máquina de seu Pinho, ali mesmo,
e volta cheio de moedas e notas de cinco mil réis.
Aonde anda a menina Célia, minha neta, que gostava de ouvir contar estórias repetidas com repetição sem fim?
Célia, a vida, você no passado, no presente e no futuro,
ela será sempre pra mim aquela que um dia ofereceu suas economias de criança para me ajudar na publicação de um livro…
A todos, tantos, agradeço neste livro de vintém o auxílio, a alegria
que me deram o prazer daqueles que me ouviam contas estas estorinhas,
romances de um menininha que plantou num canteiro sombreado,
milho, arroz, e alpiste.
E o irmão pequeno tinha uma caminhãozinho de brinquedo,
e enquanto a roça crescia, o menino crescia
e ele enchia o caminhão daquela lavoura crescida no sonho da menina
que ia descarregar na máquina de seu Pinho, ali mesmo,
e volta cheio de moedas e notas de cinco mil réis.
Aonde anda a menina Célia, minha neta, que gostava de ouvir contar estórias repetidas com repetição sem fim?
Célia, a vida, você no passado, no presente e no futuro,
ela será sempre pra mim aquela que um dia ofereceu suas economias de criança para me ajudar na publicação de um livro…
No
livro “Vintém de cobre: meias
confissões de Aninha”, 6ª ed., São Paulo: Global Editora, 1997,
p. 64-65.
*
Pseudônimo
da
poetisa e contista
Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas.
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