Só se não for brasileiro nessa hora
* Por
Clóvis Campêlo
Ganhamos a primeira,
amigos, mas, sinceramente, o futebol apresentado pela seleção brasileira não me
agradou. mesmo vencendo a Croácia por 3 x 1, jogamos sem alma e sem velocidade.
Não sei se a postura demasiadamente retraída da seleção brasileira foi
orientada por Felipão ou se foi uma atitude provocada pelos receios da estreia.
Também não gostei da
cerimônia de abertura da Copa, que me pareceu pobre, inadequada e mal ensaiada,
verdade seja dita.
Assisti ao jogo no
recesso do lar, ao lado da família e de alguns amigos. Entre eles, Maria, uma
colombiana de 22 anos que em 15 dias aprendeu a gostar da cachaça pernambucana
e da seleção brasileira de futebol. Maria é de Medellin, uma cidade com
aproximadamente 4 milhões de habitantes. Chegou ao Recife vinda de São Paulo e
logo se aclimatou. Torcedora do Nacional de Medellin, hoje, o seu maior desejo
é conhecer Flávio Caça-Rato, muito comentado na sua terra natal. Já lhe prometi
de presente uma camisa do glorioso Santa Cruz Futebol Clube.
Apesar de alguns
recalcitrantes, a Copa do Mundo se iniciou com sucesso e segue forte. A
afirmação da nossa brasilidade, da qual o futebol é um dos pilares, falou mais
alto. Como já disse o poeta, quando algo deve realmente acontecer, tudo
conspira a favor e não adiante nadar contra a corrente.
Diferentemente de 1950,
quando perdemos o jogo final para o Uruguai e instituímos a tragédia nacional,
existe um clima de equilíbrio e cobrança em relação à seleção brasileira de
futebol. Hoje, ela é composta por jogadores milionários e experientes, apesar
da pouca idade de alguns, e tem tudo nas mãos para chegar ao hexacampeonato.
Em 1950, o governo
brasileiro gastou uma fortuna para construir o Estádio do Maracanã e permitir
que 200 mil pessoas (aproximadamente 10% da população da cidade do Rio de
Janeiro, naquela época) assistisse a final e a derrota brasileira. Hoje, um
projeto dessa envergadura seria duramente criticado e taxado de megalomaníaco.
Mas, naquela época, o
futebol já era uma paixão nacional. Em uma votação patrocinada pela Coca-Cola
para eleger o craque nacional mais querido, o centro-avante pernambucano Ademir
Menezes obteve uma votação maior do que a obtida pelo presidente Getúlio Vargas
na sua reeleição, imaginem.
Na véspera do jogo
final (onde, aliás, tudo de ruim e inadequado aconteceu na concentração da
seleção brasileira), Ademir Menezes deixou-se fotografar nas margens da Lagoa
Rodrigo de Freitas, na Cidade Maravilhosa, entornando uma garrafinha do
refrigerante famoso.
% Poeta,
jornalista e radialista, blogs:
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