Monólogo da despedida
* Por Leandro Barbieri
Senhores, senhoras... Boa noite... Este monólogo que vocês
estão assistindo é a última aparição desta personagem neste palco. Estas
palavras são minhas últimas palavras diante desta platéia, destes holofotes, detrás
desta cortina.
Não se entristeçam por mim. Eu já estou habituado a estas
saídas repentinas e inexplicáveis que a vida me impõe. Quando entrei neste
palco algo me dizia que ele não seria eterno, que eu aqui não seria eterno.
O que deixo para trás é bonito. As lembranças são
agradáveis. Os momentos inesquecíveis. E é isso que me causa a agonia da dor. A
agonia de despedir-me daquilo que por tempos me entreteve, me fascinou, me fez
viver.
A fase que deixo agora me fará falta. Alguns dias de
sofrimento me assolarão até que a última página seja realmente virada. Até que
a imagem daquele sorriso torne-se uma dor constante que, de tão constante, não
doa mais.
Alguns sonhos estão sendo deixados de lado. Lágrimas
que deveriam ser derramadas e até sorrisos que poderiam remotamente serem
trocados, serão esquecidos. As possibilidades tornam-se agora certezas. As
certezas passam a não mais importar.
Esta é a sensação do fim. Um vazio dormente que
machuca de tão silencioso.
* Roteirista,
diretor e pesquisador de Telenovelas nacionais. Escreveu Retrato da Lapa
(a primeira novela da TV a Cabo brasileira) e Umas & Outras (a
primeira novela da Internet), as quais também dirigiu em parceria com Silvia
Cabezaolias. Assina o roteiro da webnovela Alô Alô Mulheres na
allTV, onde é diretor do núcleo de dramaturgia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário