terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Pílulas literárias 182

* Por Eduardo Oliveira Freire

NA CALADA DA NOITE
Entrou numa casa vazia, que parecia a casa de seus pais. Adormeceu e acordou com uma lambida de cachorro. Fugiu, antes que os outros acordassem e o cão foi junto. Procuraram outros atalhos, a cidade era perigosa. Estava repleta de pessoas vivas.

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ENTEDIADA
Por que me salvaram? Atravesso os dias entediada. Por quê? Qual o sentido disso tudo? Ainda sinto suas mordidas e eu cada vez mais fraca de desejo. Seus dentes na minha pele proporcionavam múltiplos prazeres. Tudo foi tão rápido, a polícia apareceu e ele se suicidou, ficou em chamas quando caiu da janela do quinto andar. Detonou uma granada em pleno ar, que poesia. Estou tão vazia, desejo tanto reviver aquele gozo intenso outra vez... Acessarei meus e-mails, nossa! Milhares de mensagens! Que bom, meu anúncio na internet deu certo:
“ Preciso encontrar alguém especial para me devorar viva!”

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SABEDORIA DE ENVELHECER
Juventude é bom, mas a pessoa só se gabar por ser jovem e desprezar os mais velhos, não deixa de ser destrutivo para ela. A sabedoria de envelhecer é transformar o tempo em aliado, não num inimigo. Pois, deve ser terrível para esta pessoa se tornar aquilo em que mais odeia: UMA VELHA.

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AUTENTICIDADE
Existem pessoas muito inteligentes, mas têm uma visão de mundo muito tacanha. Adoram repetir padrões sem questionar e vivem roboticamente. Sinceramente, prefiro minhas imperfeições e limitações, tornam-me mais autêntico. Pelo menos, não sou cópia barata de ninguém!

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MEU SONO
O safado fugiu em uma noite estrelada e eu fico esperando por ele, transbordando insônia.


* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor

Um comentário:

  1. Excelentes pílulas. Estão a cada dia mais elaboradas e com sequências inesperadas. Um susto atrás do outro.

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