
Mandi: A litania de Mokanã
* Por Samuel C. Costa
* Por Samuel C. Costa
l
‘’Da - me uma flor...
Da mais branca... da mais bela.
Porque hoje é dia de amar-te meu sagrado amor!
Quero-te como uma flor...
...delicada e breve!
Hoje é dia de amar-te.
Da forma mais voraz...
Da forma mais profana!
Quero-te agora meu amor. ’’
Para Raquel da Costa e Ana Maria da Costa
— Que marca é essa ai, no teu braço?
Era evidente que ela não estava esperando por uma pergunta deste tipo. Alias não espera muita coisa de Mokanã, mas a moça dá uma olhada rápida no próprio braço, mesmo assim. Por longos anos os números tatuados no braço eram olhados, dia após dia, como se fosse um ritual. Lágrimas correm pelos olhos da moça, fazia tempo que ela não chorava, às vezes chegava a pensar se as lágrimas de fato tinham secado afinal de contas, se elas tinham ido embora com o resto da sua vida mortal, sua breve passagem por essa terra.
— Marcas do passado. É que temos amigos em comum, você não sabia meu amigo? —
O jovem achou graça, e não deixou de rir, agora estava ficado clara a situação toda, a princípio achou que estava ficando louco, depois pensou enfim que teria morrido, pois o odor forte de cravo impregnava o ar, por outro lado tinha à lua cheia que iniciara naquela mesma noite. E outra ideia passou pela cabeça.
— Mandi, por que veio me visitar?
— Quem te disse que é esse o meu nome? Quem te falou uma coisa dessas, meu amigo?
— Se não és a Mandi? Quem poderia ser? Quem mais iria me visitar a essa altura?A minha vida já não vale mais nada, Mandi!
—Tu gostarias, que eu fosse ela, querias não querias? —
O olhar meigo e franco, a conversa pausa da moça, desconsertava Mokanã.
— Sabes como vim parar aqui, Mandi?
— Claro que sei, já não te disse que temos amigos em comum!
— Ele morreu? Nosso ‘’amigo’’ em comum morreu, Mandi?
--- Claro que não, afinal não atirei para matar! —
O tom de voz Mokanã não era de ódio, era de calma, uma calma que assustou a moça, que estava em pé a poucos metros dele.
— Gostaria que o teuto estivesse morto nessa hora? — perguntou como se o estivesse interrogando um preso perigoso. A mudança de tom, não assustou o jovem guerreiro. Parecia que nada mais importava para ele na vida. E de fato, Mokanã, que de longe era um assassino, bem que gostaria de ter visto o teuto morto.
— Teuto? Por aqui, eles têm outros nomes, chucrute, palmito, maionese...! — Ambos riram como se fossem crianças durante algum tempo.
— Mandi, me diz uma coisa, é hora da minha partida, eu vou morrer e tu ‘’veio’’ me buscar, é isso? Pode falar a verdade, não tenho medo da morte.
— Meu nome não é Mandi, e sim Kriseide, pelo menos é assim que alguns me chamavam. É e assim que eu gostaria que me chamasse também, meu nobre amigo. Não sei te dizer, quando morrerás, mas te digo que não será aqui e nem agora. Um primo seu, vem te visitar em breve, trate-o muito bem, pois também é meu amigo.
— Primo?
— Um jeito de falar... ele é de outra tribo, vem do norte pra te tirar daqui, trate o bem, é só isso que te peço. Agora tenho que ir, estão me chamando!
— Mandi... não me deixe! — O guerreiro fez um esforço para não chorar, mesmo assim chorou, pois a ideia da solidão que estava por vir, o sufocava.
— Saibas que não vou te deixar, nobre guerreiro... nunca vou te abandonar, vou ficar contigo até o fim, seguirei essa jornada ao teu lado até o fim! —
A litania cessou de repente e, um sorriso brotou nos lábio de Mokanã nesse instante.
• Contista em Itajaí/SC
‘’Da - me uma flor...
Da mais branca... da mais bela.
Porque hoje é dia de amar-te meu sagrado amor!
Quero-te como uma flor...
...delicada e breve!
Hoje é dia de amar-te.
Da forma mais voraz...
Da forma mais profana!
Quero-te agora meu amor. ’’
Para Raquel da Costa e Ana Maria da Costa
— Que marca é essa ai, no teu braço?
Era evidente que ela não estava esperando por uma pergunta deste tipo. Alias não espera muita coisa de Mokanã, mas a moça dá uma olhada rápida no próprio braço, mesmo assim. Por longos anos os números tatuados no braço eram olhados, dia após dia, como se fosse um ritual. Lágrimas correm pelos olhos da moça, fazia tempo que ela não chorava, às vezes chegava a pensar se as lágrimas de fato tinham secado afinal de contas, se elas tinham ido embora com o resto da sua vida mortal, sua breve passagem por essa terra.
— Marcas do passado. É que temos amigos em comum, você não sabia meu amigo? —
O jovem achou graça, e não deixou de rir, agora estava ficado clara a situação toda, a princípio achou que estava ficando louco, depois pensou enfim que teria morrido, pois o odor forte de cravo impregnava o ar, por outro lado tinha à lua cheia que iniciara naquela mesma noite. E outra ideia passou pela cabeça.
— Mandi, por que veio me visitar?
— Quem te disse que é esse o meu nome? Quem te falou uma coisa dessas, meu amigo?
— Se não és a Mandi? Quem poderia ser? Quem mais iria me visitar a essa altura?A minha vida já não vale mais nada, Mandi!
—Tu gostarias, que eu fosse ela, querias não querias? —
O olhar meigo e franco, a conversa pausa da moça, desconsertava Mokanã.
— Sabes como vim parar aqui, Mandi?
— Claro que sei, já não te disse que temos amigos em comum!
— Ele morreu? Nosso ‘’amigo’’ em comum morreu, Mandi?
--- Claro que não, afinal não atirei para matar! —
O tom de voz Mokanã não era de ódio, era de calma, uma calma que assustou a moça, que estava em pé a poucos metros dele.
— Gostaria que o teuto estivesse morto nessa hora? — perguntou como se o estivesse interrogando um preso perigoso. A mudança de tom, não assustou o jovem guerreiro. Parecia que nada mais importava para ele na vida. E de fato, Mokanã, que de longe era um assassino, bem que gostaria de ter visto o teuto morto.
— Teuto? Por aqui, eles têm outros nomes, chucrute, palmito, maionese...! — Ambos riram como se fossem crianças durante algum tempo.
— Mandi, me diz uma coisa, é hora da minha partida, eu vou morrer e tu ‘’veio’’ me buscar, é isso? Pode falar a verdade, não tenho medo da morte.
— Meu nome não é Mandi, e sim Kriseide, pelo menos é assim que alguns me chamavam. É e assim que eu gostaria que me chamasse também, meu nobre amigo. Não sei te dizer, quando morrerás, mas te digo que não será aqui e nem agora. Um primo seu, vem te visitar em breve, trate-o muito bem, pois também é meu amigo.
— Primo?
— Um jeito de falar... ele é de outra tribo, vem do norte pra te tirar daqui, trate o bem, é só isso que te peço. Agora tenho que ir, estão me chamando!
— Mandi... não me deixe! — O guerreiro fez um esforço para não chorar, mesmo assim chorou, pois a ideia da solidão que estava por vir, o sufocava.
— Saibas que não vou te deixar, nobre guerreiro... nunca vou te abandonar, vou ficar contigo até o fim, seguirei essa jornada ao teu lado até o fim! —
A litania cessou de repente e, um sorriso brotou nos lábio de Mokanã nesse instante.
• Contista em Itajaí/SC
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