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A arte de cultivar
* Por Marleuza Machado
Estou cultivando um pequeno jardim na calçada de minha casa. Plantei duas mudas de Quaresmeiras e outras que também produzem flores, cuja origem é africana, por isso não me atrevo a escrever aqui, o nome dito pela funcionária da floricultura onde as adquiri.
No dia do plantio, fui advertida por vizinhos de que não vingariam, dada a certeza que seriam roubadas pelos passantes, tendo em vista a beleza das flores. Na primeira noite de vida do meu pequeno jardim, confesso ter ficado preocupada, tanto que minha primeira atitude ao despertar foi correr à varanda logo pela manhã e certificar-me de que as mudas ainda estariam lá. E estavam, para minha alegria.
Conheço o colorido das flores somente das "africaninhas" (vou chamá-las assim). As Quaresmeiras são ainda muito jovens, então espero a primeira floração com um misto de curiosidade e ansiedade.
Alguns perguntaram-me porque arriscar no cultivo de um jardim na área externa da residência, quando disponho de grande espaço interno. Analisei a questão e cheguei às seguintes conclusões:
1) Acredito, ainda, no respeito que o ser humano possa ter pela propriedade de outrem;
2) Como não posso oferecer flores às pessoas que amo diariamente, ofereço a quem estiver mais próximo de mim, ou seja, aos passantes, sem ter a necessidade de colhê-las;
3) Gosto de dividir com o próximo aquilo que aprecio e acho belo.
Fazendo uma analogia em relação à minha personalidade, constato que ajo da mesma forma com as pessoas do meu convívio no cultivo dos meus afetos: Estou sempre acreditando, doando, dividindo. E sem medo de ser roubada. Quando alguma parte do meu jardim interior é arrancada (muitas vezes com raiz e tudo) , confesso que reclamo, lamento, choro. Nesses momentos, sinto a presença de um misterioso jardineiro que me levanta, ampara, e se necessário, prepara a terra e nela lança novas mudas ou sementes. A cada espécie que ele cultiva, percebo seu carinho, me alegro com as regas, sei que é necessário proceder as podas. E assim, meu jardim está sempre bem cuidado e florido, à espera que muitas borboletas venham visitá-lo.
"Aprendi com as primaveras a me deixar cortar para poder voltar sempre inteira". (Cecília Meirelles)
"Disse a flor para o pequeno príncipe: É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas" (Antoine de Saint-Exupéry)
• Poetisa e jornalista
* Por Marleuza Machado
Estou cultivando um pequeno jardim na calçada de minha casa. Plantei duas mudas de Quaresmeiras e outras que também produzem flores, cuja origem é africana, por isso não me atrevo a escrever aqui, o nome dito pela funcionária da floricultura onde as adquiri.
No dia do plantio, fui advertida por vizinhos de que não vingariam, dada a certeza que seriam roubadas pelos passantes, tendo em vista a beleza das flores. Na primeira noite de vida do meu pequeno jardim, confesso ter ficado preocupada, tanto que minha primeira atitude ao despertar foi correr à varanda logo pela manhã e certificar-me de que as mudas ainda estariam lá. E estavam, para minha alegria.
Conheço o colorido das flores somente das "africaninhas" (vou chamá-las assim). As Quaresmeiras são ainda muito jovens, então espero a primeira floração com um misto de curiosidade e ansiedade.
Alguns perguntaram-me porque arriscar no cultivo de um jardim na área externa da residência, quando disponho de grande espaço interno. Analisei a questão e cheguei às seguintes conclusões:
1) Acredito, ainda, no respeito que o ser humano possa ter pela propriedade de outrem;
2) Como não posso oferecer flores às pessoas que amo diariamente, ofereço a quem estiver mais próximo de mim, ou seja, aos passantes, sem ter a necessidade de colhê-las;
3) Gosto de dividir com o próximo aquilo que aprecio e acho belo.
Fazendo uma analogia em relação à minha personalidade, constato que ajo da mesma forma com as pessoas do meu convívio no cultivo dos meus afetos: Estou sempre acreditando, doando, dividindo. E sem medo de ser roubada. Quando alguma parte do meu jardim interior é arrancada (muitas vezes com raiz e tudo) , confesso que reclamo, lamento, choro. Nesses momentos, sinto a presença de um misterioso jardineiro que me levanta, ampara, e se necessário, prepara a terra e nela lança novas mudas ou sementes. A cada espécie que ele cultiva, percebo seu carinho, me alegro com as regas, sei que é necessário proceder as podas. E assim, meu jardim está sempre bem cuidado e florido, à espera que muitas borboletas venham visitá-lo.
"Aprendi com as primaveras a me deixar cortar para poder voltar sempre inteira". (Cecília Meirelles)
"Disse a flor para o pequeno príncipe: É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas" (Antoine de Saint-Exupéry)
• Poetisa e jornalista
Linda ideia e comparação perfeita, Marleuza. Quanto aos maus sentimentos ou amores impossíveis, melhor evitar a regas, para que assim morram.
ResponderExcluirComo chamariamos um ladrão de flor?
ResponderExcluircompartilho da sua inquietação...
Grata, amigos!
ResponderExcluirEste texto foi escrito há mais de 2 anos... minha autocrítica anda bastante severa, portanto vejo alguns erros na escrita que precisam ser corrigidos. Quanto ao jardim, está lindo e florido!
Abraços!