quinta-feira, 1 de julho de 2010




O pavão

* Por Alexandre Bonafim

As penas do pavão
guardam as entranhas
da luz
as raízes da água.
Olhos do inominado
pupilas do silêncio
as penas do pavão
desvelam a lua
na arquitetura
do arco-íris.
E tudo se silencia
tudo se cala
ante a fulguração
do mistério:
a estranheza
o susto
toda a perplexidade
se petrificam
ante a cintilação
do real.
Aos pés
daquela esfinge
tombam perguntas
ocas
ecos de ecos
sem voz.
As penas do pavão
abrem o ministério
como um leque
de brisas insanas.


* Poeta, contista, cronista, crítico literário, professor e mestre em Literatura. Autor do livro “Biografia do deserto”.

Um comentário:

  1. O pavão espalha uma beleza de efeito
    devastador, mas depois se percebe nos
    detalhes que ele não é tão perfeito assim.
    O belo por si só é efêmero demais.
    Abraços

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