sábado, 8 de agosto de 2009


Re-visão (o fim da mecanografia)

* Por Samuel C. da Costa

Vou re-visar meus textos
E desafiar a gramática
Ignorar as normas
Exilar-me no meio do nada
Viver no vazio

Render-me ao consumismo instantâneo...
Cultuar heróis fabricados...
Eia!!!.
Quero dar ‘’um viva’’ à comunicação de massa...
E praticar a sub-literatura
Espalhar cópias fotostáticas por ai...
Insignificâncias sub-terrâneas...
...que ninguém entende
Rebeldias literárias que ninguém lê.

Vou invadir o mundo pagão
Devorar suas reservas naturais...
Nutrir meu ódio cristão
E banhar com ouro negro
Dar ‘’um viva’’ à pirataria pós-moderna
Eia tempos pós-modernos!!!
...
Viva a mecanografia dos tempos modernos!!!
Eia às armas de destruição de massa
Sobras da loucura do século passado...
Sobras escondidas que ninguém...
...encontrou

Sombras da tecnocracia que mata
Hipi
Hipi hurra!
Vou me esconder nas matas
Armar-me
Seqüestrar políticos, militares, empresários
Toda a corja capitalista e autoritária
Quero prestar minhas homenagens...
...aos deuses antigos

Mortos-vivos a caminhar pela relva
Inferno verdade
Imensidão verde que ninguém entende.
Vou ficar na frente da TV
E ver o impensável
Golpes de marketing...
...engendrados nos laboratórios de comunicólogos
Vampiros atuais
Bruxos modernos...
Neo-alquimistas cibernéticos
Que fazem a mentira virar verdade
Que fazem o branco virar negro
E o negro virar branco

Eita!
Não vou me formar
E vender coisas que não existem
Produtos virtuais
Ferramentas pós-modernas
Já nascidas ultra-passadas
Vou espelhar os vírus virtuais
Agentes do caos...
Escondidos em juras de amor.
Eia
Eia
Oh !!!

Vou-me micro-processar
Vou prostibular minha imagem
Peregrinar pelo ciber-espaço
E pôr a venda o que não tenho
Expor o que não sou...
Eia
Eia
Oh!!!

Vidas pós-modernas
Movidas a doces que matam
De festas embaladas a drogas sintéticas
Massa dissoluta a fritar neurônios.
Deuses bacantes da pós-modernidade

Vou assistir a processos burocráticos...
Que não dão em nada
Processos digitalizados
Empoeirados
Normatizados
Que vão dar no vazio

Vou ver audiências públicas
Falatório dos demagogos...
Arenas de embates combinados
Circo de hoje
Televisionado
Palcos dos nadas
Eia
Eia

Viva a telegrafia sem fio!
Cabos de fibra óptica postados
Em alto mar
Rios de informações
A se perder nas inutilidades diárias

Viva a ‘’Blogosfera’’.
Ambiente onde reinam coisas inúteis
Bobagens digitalizadas a se amontoar no vazio
Viva a comunicação via-satélite...
Viva o espaço cibernético
Viva os...
...diários on-line que ninguém lê
Hipi!
Hipi hurra!

Viva aos cartões de memórias
Megabytes de inutilidades
Eita a telefonia móvel
Rede viva de coisas fúteis
Consumismo vazio
De objetos da moda
Caros
Que nada valem

Eita rostos estampados nas revistas de moda
Grifes
Marcas
Modelos vivos
Fugazes
Descartáveis
Peças ocas da produção em massa

Viva toda a produção em larga escala...
A consumir o planeta
Eia
Eia oh!!!

Pirataria terceiromundista
Trabalho escravo
Hipi!
Hipi hurra!

Viva o Fordismo de hoje
Viva o Toyotismo de amanhã
Viva toda a onda globalizante...
A esmagar culturas
Sub-verter valores
A super-aquecer o globo
Eia
Eia oh!!!

Toda a sociedade
Interligada
Massa humana
A caminhar por ai
Mundo globalizado...
Interligado e dividido
Eia
Eia oh!!!

Viva a crise financeira mundial...
A derrubar governos
Eia
Eia oh!!!

Viva as pandemias globalizadas
E todo um alfabeto de doenças
Produzidas nos abatedouros
Da produção em massa

Vou socorres os bancos
E hastear a bandeira
Up a July Roger
Uma garrafa de rum
Under a July Roger
Eita
Eita!!!

Geração modernista
Caricaturas massificadas
Que nada valem
Viva o pós-modernismo
Viva as promessas dos políticos
Que nada valem
Eia
Eia
Oh!!!

Das doenças infectocontagiosas
A traçar o continente negro
A devorar guetos metropolitanos
Vidas pós-modernas
Eia megalópoles!!!
...
Viva os intercâmbios criminosos
Cartéis narco-assassinos globalizados
Crimes mundializados
Viva os sigilos bancários
Viva os paraísos fiscais
Vivas as fraudes
Relatórios falsificados
De orçamentos super-faturados
Manipulados
Eia DNA!!!
Eia ciência Florence!
Eia ciência que mata!
Eia ciência que cura!

Massa humana
Scum a cruzar fronteiras
Ruínas vivas
Sem nome
Sem passado
E sem futuro
Farrapos dos novos tempos
Vítimas das loucuras modernas
Vitimas de ódios antigos
Das verdades que matam.
Dos foguetes teleguiados
E tanques informatizados...
A cruzar fronteiras

Toda a cultura imposta...
Artificial
Atemporal
Viva a mecanografia
De hoje
Do ontem
E do amanhã..

* Poeta e cronista de Itajaí/SC



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Um comentário:

  1. Um giro mais do que informal pela cultura de massa. Destaque para "os diários que ninguém lê". O bom(?) de tudo isso é que mesmo inéditos ( virgens de leitores), os blogs continuam a gerar novas unidades a todo instante numa progressão interminável.

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