sexta-feira, 14 de agosto de 2009


Grão de Arroz

* Por Yeda Prates Bernis

Ah! Claro silêncio do campo,
marchetado de faiscantes
pigmentos de sons!
O coração da aranha
se desfaz em geometria
de seda e mandala.

Manchas de tarde
na água. E um vôo branco
transborda a paisagem.

Neblina sobre o rio,
poeira de água
sobre água.

Imóvel,
o barco.
No entanto, viaja.

Lavadeiras de beira-rio.
nas águas, boiando,
cores e cantos.

Cai da folha
a gota dágua. Lá longe,
o oceano aguarda.

Na poça dágua
o gato lambe
a gota de lua.

De púrpura, seu mergulho
no aquário. No coração,
o mais antigo azul.

Escorre pela folha
a tarde imensa,
pousada em gota dágua.

Noite no jasmineiro.
Sobre o muro,
estrelas perfumadas.

Um marcador japonês
no livro de hai-kais
– silencioso conluio.

(Do livro Grão de Arroz, Editora Itatiaia Ltda).

* Poetisa.

Um comentário:

  1. Lindas e inspiradas imagens recheiam este poema cheio de fôlego. Tudo suave como a tintura de folhas de chá sobre seda. Enfim, uma beleza mesmo! Parabéns, Yeda.

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