
Há credibilidade em notícia pela internet?
* Por Marco Antônio Alves
Leio bastante pela internet e comparo esse hábito a passear de carro observando as placas e anúncios dessa imensa feira-livre que não é ao ar livre, mas também distrai...e como! Distrai tanto que deixa escapar erros grosseiros de ortografia, concordância, sintaxe e de grafia das palavras, invariavelmente, em todos os sites que conheço. Não deixo de comparar, com certo sarcasmo, com as placas e anúncios que todo dia tentam assassinar a nossa língua.
A maioria das pessoas sabe e, obviamente que os profissionais da área principalmente – redatores, editores e inclusive os repórteres – que esse é o calcanhar de aquiles de quem vive o ritmo desse trabalho alucinante que é a busca pela notícia instantânea, em que sacrifica-se o Português, mesmo que provisoriamente. “Coloca aí e depois eu dou uma olhada”, diz o editor para o redator ou o redator para o repórter, e assim vai. Pronto, é aí que mora o perigo.
A maioria dos jornalistas também sabe que esse é um pecado profissional de relevância, desnecessário alongar o assunto, é uma lei universal das redações respeitar e obedecer as regras do idioma, seja sob que circunstância for.
Por isso é lamentável que, ao fazermos aquele passeio básico pela rede, nos deparemos com verdadeiras aberrações. Não vou descer aqui a detalhes e nem ser covarde e citar sites sem prestígio ou pouca visibilidade. Prefiro falar dos grandes, afinal, são os donos da bola.
No G1 por exemplo, dia 13 de maio de 2009, às 09:00 da manhã, fico curioso para ler a matéria especial “G1 na Jordânia”. O correspondente Daniel Buarque viajou a convite do governo e nessa matéria traça um perfil da rainha Rania, em linhas gerais, uma mulher moderna e atuante em um país de tradições milenares.
Fico com o pé atrás pelo fato do governo da Jordânia ter custeado a viagem e estadia do correspondente, acho que esse tipo de ‘oportunidade’ atrapalha também, enfim. Vou em frente, leio a matéria e ao final tenho a sensação de ter perdido meu tempo diante de um texto recheado de clichês e com erros abomináveis de forma e conteúdo.
“Rania se casou com o Rei Abdullah II em 1993, seis anos de ele assumir o trono, quando ainda não havia sido definido de que ele seria o sucessor de Hussein. Além de muito bonita e de ter esta função “publicitária”, ela de fato é inteligente e atua politicamente. Rania atua nas áreas sociais do governo, trabalhando com crianças, jovens e mulheres.”
Não é uma pérola? O repórter atesta a inteligência da rainha, como quem diz: eu vi, estava lá e ela é, de fato, inteligente. Seria surpreendente se ele, ao contrário, dissesse que a rainha era uma tapada. Da forma como está escrito, não se sabe se o casamento com o rei foi seis anos antes ou depois dele assumir o trono. E sobre as atividades da rainha... bem, não diferem de nenhuma esposa de prefeito de uma cidade qualquer do Brasil. Não é preciso ir à Jordânia a convite do governo para comunicar isso.
Essa é apenas a ponta do iceberg. Os problemas com os textos em portais de conteúdo noticioso são inversamente proporcionais à estrutura. E assim também é com os jornais, rádio e TV – principais fontes alimentadoras dos melhores conteúdos à disposição dos leitores que também se informam pela internet e que a cada dia são mais numerosos.
Espaço cosmopolita e diversificado, a rede mundial de computadores é um mar para os aventureiros, embora também seja um refúgio para os incompreendidos de toda sorte, escrevinhadores sem editor, vídeo-makers criativos ou debilóides.e também um grande confessionário eletrônico.
Todo mundo escreve ou coloca no ar o que bem entender. Isso ora pode provocar imensa catarse coletiva – como no caso Susan Boyle – ou também grandes aborrecimentos (para ser pudico) como no caso recente de uma série de vídeos com jogadores de futebol e artistas conhecidos se masturbando em frente à webcam. Caso mal investigado pela imprensa qualificada e que alcançou muito menos repercussão do que merecia. Onde estão os abutres do azar alheio, os caçadores de escândalos? Seria o comportamento machista brasileiro? Ou despreparo para lidar com as reclamações dos figurões que apareceram em cenas deploráveis e constrangedoras?
A internet chegou para ficar, não tem como mudar isso. Mas ainda há muito a aprender sobre como lidar com essa poderosa tecnologia. Existem muitas perguntas sem resposta que deixam um imenso vácuo jurídico sobre o tema. Principalmente sobre liberdade de expressão, direitos autorais, limites entre o privado e o público e invasão de privacidade, para dar alguns exemplos. É esperar para ver e com muita cautela e manter os olhos abertos. Os distraídos são o alvo preferido dos piratas da rede.
* Jornalista
* Por Marco Antônio Alves
Leio bastante pela internet e comparo esse hábito a passear de carro observando as placas e anúncios dessa imensa feira-livre que não é ao ar livre, mas também distrai...e como! Distrai tanto que deixa escapar erros grosseiros de ortografia, concordância, sintaxe e de grafia das palavras, invariavelmente, em todos os sites que conheço. Não deixo de comparar, com certo sarcasmo, com as placas e anúncios que todo dia tentam assassinar a nossa língua.
A maioria das pessoas sabe e, obviamente que os profissionais da área principalmente – redatores, editores e inclusive os repórteres – que esse é o calcanhar de aquiles de quem vive o ritmo desse trabalho alucinante que é a busca pela notícia instantânea, em que sacrifica-se o Português, mesmo que provisoriamente. “Coloca aí e depois eu dou uma olhada”, diz o editor para o redator ou o redator para o repórter, e assim vai. Pronto, é aí que mora o perigo.
A maioria dos jornalistas também sabe que esse é um pecado profissional de relevância, desnecessário alongar o assunto, é uma lei universal das redações respeitar e obedecer as regras do idioma, seja sob que circunstância for.
Por isso é lamentável que, ao fazermos aquele passeio básico pela rede, nos deparemos com verdadeiras aberrações. Não vou descer aqui a detalhes e nem ser covarde e citar sites sem prestígio ou pouca visibilidade. Prefiro falar dos grandes, afinal, são os donos da bola.
No G1 por exemplo, dia 13 de maio de 2009, às 09:00 da manhã, fico curioso para ler a matéria especial “G1 na Jordânia”. O correspondente Daniel Buarque viajou a convite do governo e nessa matéria traça um perfil da rainha Rania, em linhas gerais, uma mulher moderna e atuante em um país de tradições milenares.
Fico com o pé atrás pelo fato do governo da Jordânia ter custeado a viagem e estadia do correspondente, acho que esse tipo de ‘oportunidade’ atrapalha também, enfim. Vou em frente, leio a matéria e ao final tenho a sensação de ter perdido meu tempo diante de um texto recheado de clichês e com erros abomináveis de forma e conteúdo.
“Rania se casou com o Rei Abdullah II em 1993, seis anos de ele assumir o trono, quando ainda não havia sido definido de que ele seria o sucessor de Hussein. Além de muito bonita e de ter esta função “publicitária”, ela de fato é inteligente e atua politicamente. Rania atua nas áreas sociais do governo, trabalhando com crianças, jovens e mulheres.”
Não é uma pérola? O repórter atesta a inteligência da rainha, como quem diz: eu vi, estava lá e ela é, de fato, inteligente. Seria surpreendente se ele, ao contrário, dissesse que a rainha era uma tapada. Da forma como está escrito, não se sabe se o casamento com o rei foi seis anos antes ou depois dele assumir o trono. E sobre as atividades da rainha... bem, não diferem de nenhuma esposa de prefeito de uma cidade qualquer do Brasil. Não é preciso ir à Jordânia a convite do governo para comunicar isso.
Essa é apenas a ponta do iceberg. Os problemas com os textos em portais de conteúdo noticioso são inversamente proporcionais à estrutura. E assim também é com os jornais, rádio e TV – principais fontes alimentadoras dos melhores conteúdos à disposição dos leitores que também se informam pela internet e que a cada dia são mais numerosos.
Espaço cosmopolita e diversificado, a rede mundial de computadores é um mar para os aventureiros, embora também seja um refúgio para os incompreendidos de toda sorte, escrevinhadores sem editor, vídeo-makers criativos ou debilóides.e também um grande confessionário eletrônico.
Todo mundo escreve ou coloca no ar o que bem entender. Isso ora pode provocar imensa catarse coletiva – como no caso Susan Boyle – ou também grandes aborrecimentos (para ser pudico) como no caso recente de uma série de vídeos com jogadores de futebol e artistas conhecidos se masturbando em frente à webcam. Caso mal investigado pela imprensa qualificada e que alcançou muito menos repercussão do que merecia. Onde estão os abutres do azar alheio, os caçadores de escândalos? Seria o comportamento machista brasileiro? Ou despreparo para lidar com as reclamações dos figurões que apareceram em cenas deploráveis e constrangedoras?
A internet chegou para ficar, não tem como mudar isso. Mas ainda há muito a aprender sobre como lidar com essa poderosa tecnologia. Existem muitas perguntas sem resposta que deixam um imenso vácuo jurídico sobre o tema. Principalmente sobre liberdade de expressão, direitos autorais, limites entre o privado e o público e invasão de privacidade, para dar alguns exemplos. É esperar para ver e com muita cautela e manter os olhos abertos. Os distraídos são o alvo preferido dos piratas da rede.
* Jornalista
A imensidão da rede assusta como um buraco negro. Entramos inseguros geralmente sem saber aonde vamos chegar. Cautela parece uma boa ideia em se tratamento dessa terra de ninguém. Mas não falemos mal demais da internet. Estamos apenas começando a entendê-la.
ResponderExcluirtratando
ResponderExcluirMuito bom seu artigo.
ResponderExcluirAcredito que o mundo virtual fugiu ao controle . Território de ninguém.
A Internet tem vantagens e desvantagens.
Eu procuro aproveitar as vantagens.