Cavala
* Por Ademir Assunção
para antonio risério
e maria angélica abramo
lá, onde os dedos são grossos galhos
percutindo o couro dos animais
& as palavras dissolvem-se no ar
antes
de vestirem a couraça dos significados
lá, onde sóis azuis
luzem a noite inteira
lábios sorvem o suor
sede de saliva — a espada
rompe o espelho
o sangue ferve, febre
vapor quente nas narinas
— possuída, ela convoca éguas
luas & golfinhos
cascos tinem
um estranho batuque
ranhuras na pele — unhas
de lontra
cravadas nas costas
rainha dos raios
a xota risca fogo
nas savanas
***
assim é
o amor da cavala
riscos
rasuras
talhos de gilete
tratados com pétalas
de lírios selvagens
* Poeta e jornalista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário